domingo, 29 de março de 2015

Sobre sonhos de criança realizados



Uma grande corrida. Definitivamente memorável.

Já na classificação, eu vinha cantando a pedra sobre a qualidade de Sebastian Vettel como piloto. Ironizado por Hamilton na semana passada, que havia dito para os "chorões" irem trabalhar.

Vettel fez exatamente isso. Trabalhou duro. Excelente trabalho do tetracampeão durante todo o fim de semana do GP da Malásia, que culminou no ponto máximo: a primeira vitória de Sebastian pela escuderia italiana. Fato que impressionou a todos pela precocidade em sua natureza. A vitória do tedesco quebra um jejum de 21 corridas em branco - a última tinha sido o GP do Brasil de 2013, quando ele defendia as cores da Red Bull - e é o primeiro triunfo da Ferrari desde o GP da Espanha daquele mesmo ano, mas com Fernando Alonso.

No pódio, Sebastian Vettel bate calcanhares para celebrar vitória no GP da Malásia (Foto: AFP)

Ao comemorar, Sebastian parecia um pinto no lixo. Comemorou como se tivesse ganho um campeonato. No rádio, gritou "YESSSSSSS" e falou em italiano a plenos pulmões. Ao sair do carro, pegou o volante do SF15-T e o ergueu no ar. No pódio, a sonhada volta do dedo em riste e um pulo que não só lembrou os bons tempos de Schumacher, mas também o cavalinho rampante do emblema do time de Maranello. Prestem bem atenção.

Hamilton, parecendo admirado e espantado,
 olha para um incrédulo Vettel
Na classificação, o alemão da Ferrari (que emoção dizer isso depois de Schumacher) já havia pilotado lindamente para separar as Mercedes e largar na primeira fila - a primeira da Ferrari em dois anos, desde Felipe Massa na mesma Sepang em 2013. E, profético, prometeu: "A Ferrari pode vencer neste fim de semana". 

Sua promessa parecia mais um sinal de que ele poderia se aproveitar de algum erro da Mercedes do que de fato uma luta para a vitória caso não acontecesse absolutamente nada de anormal.

E foi mais ou menos isso mesmo que aconteceu. Com o safety-car na pista na volta 4, por ocasião de uma rodada bizarra de Marcus Ericsson, da Sauber, muitos pilotos entraram nos boxes para uma mudança de estratégia, incluindo as Mercedes de Lewis Hamilton e Nico Rosberg. Poucos pilotos optaram por não parar, incluindo Vettel. Foi a decisão certa. Hamilton e Rosberg ficaram no meio do pelotão da merda, enquanto Vettel, líder com a parada dos mercêdicos, sumiu na ponta. 

Aqui, um parêntese: É possível ver nitidamente a diferença entre Hamilton e Rosberg. Enquanto Hamilton foi preciso na negociação das ultrapassagens, Rosberg sofreu por muito mais voltas para voltar às posições mais à frente.

Mais importante que isso: Depois que fez a primeira parada, na volta 18, passou a andar coisa de 2 segundos mais rápido que as Mercedes por volta - lembrando um pouco seus tempos de Red Bull em 2013 - e passou os dois imbatíveis W06 Hybrid na pista e na marra. Foi um reloginho durante a corrida toda.

Há que se destacar outras duas corridas simplesmente EXCEPCIONAIS:

Raikkonen teve pneu furado, mas reagiu e terminou em quarto

1. Kimi Raikkonen, companheiro de Vettel, foi tocado por Felipe Nasr no começo da prova, teve um pneu furado e caiu para as últimas posições, mas, quando se esperava que passaria o resto da corrida amargando as últimas posições, reagiu com um grande ritmo de corrida e a redenção na Ferrari pelas cagadas em Melbourne. Terminou em quarto, atrás apenas de Vettel e das duas Mercedes. Será que está motivado, o Kimi? Agora digam que ele é um lixo. Digam. DIGAM!

Adolescente Verstappen faz corrida magistral

2. Max Verstappen. Alô, punheteiros (eu incluso). Enquanto vocês não saem de seus quartos e continuam criando espinhas na cara, tem um moleque de 17 anos, que ainda faz o ensino médio, pontuando na Fórmula 1. O que o adolescente tem feito até aqui é, sem dúvida alguma, digno de aplausos. Está parecendo os mais velhos parecerem moleques. Ataca com precisão cirúrgica e se defende como um Jenson Button da vida. Chegou em sétimo e se tornou o centésimo-octogésimo piloto a pontuar.

E não posso perder a chance aqui de tirar uma casquinha de Fernando Alonso. O espanhol, que passou o final de semana inteiro amargando o pífio desempenho da McLaren-Honda, abandonou na 22ª volta. Qual não deve ter sido a sensação de Alonso ao ver seu pior desafeto vencendo pela equipe que ele abandonara, porque não acreditava mais ser possível reagir por ela? Muito divertido.

Daqui pra frente, vamos falar um pouquinho do balanço das equipes.

Ferrari: Trabalho de estratégia perfeito e excelente ritmo de prova, que levou Vettel à vitória e Raikkonen à quarta posição mesmo depois de um pneu furado.

Mercedes: Final de semana perfeito até a volta 4 da corrida. Daí pra frente, cagou na estratégia e se limitou a ver seus pilotos, espantados com a ousadia de Vettel, completarem o pódio.

Williams: Para quem almejava ser a segunda força, uma corridinha muito medíocre da equipe inglesa. Tanto Bottas quanto Massa terminaram a mais de 1 minuto de Vettel. Eternidade.

Toro Rosso: Aqui abro parêntese para uma coincidência interessante: A equipe italiana era melhor que a Red Bull em 2008, quando Vettel estava lá. Assim que o alemão foi para a Red Bull, ela superou a equipe B. Depois que o tedesco saiu da Red Bull para a Ferrari, a Toro Rosso voltou a ser melhor que a matriz. Tanto Verstappen quanto Sainz fizeram boas corridas e desbancaram o time principal.

Red Bull: A equipe do energético já não é mais a mesma depois que Vettel saiu. Até andou bem nos treinos com Ricciardo e Kvyat, mas na corrida sofreu com o desgaste excessivo nos freios. Não sei como conseguiram pontuar nas últimas duas posições possíveis. Isso sem mencionar a terrível crise entre os cartolas do time e os da Renault, que lhe fornece motores.

Lotus: Não há muito o que falar, embora o carro esteja andando bem melhor com o motor Mercedes.

Sauber: Fim de semana para esquecer. Ericsson até passou ao Q3, mas rodou bizarramente no comecinho. Nasr tocou com Raikkonen no começo e comprometeu sua corrida. Não bastassem as dezenas de milhões de dólares que a equipe perdeu para Giedo van der Garde...

Force India: Mais um final de semana costumeiro da equipe indiana, no pelotão da merda. Largou bem com Hulkenberg, que vinha fazendo um bom trabalho, mas tanto ele quanto Sergio Pérez causaram acidentes bizarros e foram punidos durante a prova. Hulkeberg tocou Kvyat e Pérez tocou em Grojã.

Manor Marussia: Há de se aplaudir o esforço do time de voltar depois da falência da Marussia. Se o carro era uma negação, ao menos Roberto Merhi não atrapalhou ninguém. Conseguiu terminar a corrida e completar mais voltas que as duas McLaren.

McLaren: Desempenho pífio, sendo menos lenta apenas que a Manor e com Alonso e Button abandonando após 22 e 44 voltas, respectivamente. Ruim. Podre. E não há mais o que dizer.


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