quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

A trajetória das mulheres na Fórmula 1

Durante todo este mar de especulações que perdura durante a pré-temporada 2013 da Fórmula 1, muitos assuntos e rumores surgiram, alguns dos quais interessantes e plausíveis. Um dos que talvez tenham causado mais polêmica foi o anúncio da escocesa Susie Wolff como a primeira a testar o FW35, novo modelo da equipe Williams. Por que isso chamou tanto à atenção? Há sempre um alarme maior quando se fala em mulheres pilotando carros de corrida ou exercendo cargos mais interessantes no automobilismo. É bem verdade que as moças jamais tiveram grandes espólios em suas passagens pela categoria.



A primeira delas foi a italiana Maria Teresa de Filippis, que correu nas temporadas de 1958 e 1959. Correu pela lendária Maserati e também pela Behra-Porsche. Ela se inscreveu para cinco Grandes Prêmios naqueles anos, mas em só 3 deles largou. No GP da França de 58, foi proibida de correr por ser mulher pelo diretor de prova, Toto Roche, que ainda disse que "uma jovem tão bonita como aquela não deveria usar nenhum capacete a não ser o do secador de cabelo". Maria ficou furiosa e disse que se o encarasse, teria esmurrado-o. Ela parou de correr ainda em 1959, casou-se em 1960 e começou uma família. Continuou alheia a toda forma de automobilismo até 1979, quando se tornou parte do Clube Internacional de ex-Pilotos de Grandes Prêmios da Fórmula 1, do qual é vice-presidente desde 1997. Também foi fundadora do Maserati Club, em 2004.

Depois, veio Lella Lombardi. Também italiana, ela competiu durante as temporadas 1974, 75 e 76. Foi a mulher de maior "sucesso" na categoria. Pilotou carros de March, Brabham e Williams. Se inscreveu para 17 GPs durante esse tempo, conseguindo largar em 12 deles. Em 1975, disputou 12 GPs. Em seu único pelo a Williams naquele ano, porém, ela não largou. Seu melhor resultado - e o melhor das mulheres na história da F1 - foi um sexto lugar no Grand Prix espanhol, com um sexto lugar e meio ponto, sendo até hoje a única mulher a pontuar na categoria. Conseguiu largar no GP do Brasil de 76, conseguindo a décima quarta colocação. Ainda se inscreveria para mais 3 GPs, dentre eles o GP da Inglaterra, fazendo parceria com a inglesa Divina Galica, mas as duas não largaram. Seu último grand prix foi o austríaco daquele ano. Ela largou e conseguiu a décima segunda colocação. Ainda correu em categorias de turismo após a Fórmula 1, conseguindo algum sucesso, e andou na Nascar e em Daytona. Morreu de câncer em 1992, aos 50 anos de idade.


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Desiré Wilson guiando o Wolf WR4
Divina Galica até tentou algo na categoria após Lombardi e se inscreveu para 3 GPs nas temporadas de 1976 e 1978 pelas equipes Surtees e Hesketh, mas não conseguiu se classificar. Antes das tentativas, já havia participado nos Jogos Olímpicos de Inverno nos anos 60. Mas viria algo melhor, pelo menos na minha opinião, para Desiré Wilson; A sul-africana tentou se classificar para o Grande Prêmio inglês de 1980 pela Williams, mas não obteve sucesso algum. Porém, ela venceu uma corrida na "Aurora F1", o Evening News Trophy, em Brands Hatch, com o Wolf WR4, tendo sido a única mulher na história a vencer uma corrida com carros de Fórmula 1.

Giovanna Amati

A última mulher a tentar competir na categoria foi Giovanna Amati, em 1992. Ela se inscreveu para 3 corridas naquele ano pela Brabham (África do Sul, México e Brasil), mas não obteve sucesso em se classificar. Aos cinco anos de idade ela foi sequestrada a troco de um resgate. Seu pai era um rico industrial e ela era louca por automobilismo.

Outras mulheres

Sarah Fisher testa a McLaren em Setembro de 2002, na foto acima, após os treinos livres para o GP dos Estados Unidos. Ela conseguiu o teste graças ao patrocínio da Tag Heuer.

Katherine Legge testou a Minardi em 2005 no circuito de Vallelunga, na Itália. Após duas voltas, ela bateu o carro. Alguns dias após, ela voltou a testar o carro e seu teste durou 27 voltas, com o melhor tempo de 1min21s176.

Maria de Villota testou o carro R29 da Renault em 2011 em Paul Ricard e até foi muito bem, para o chefe de equipe Eric Boullier. Porém, no ano seguinte, a espanhola, então piloto de testes da Marussia, sofreu um grave acidente durante um teste com a equipe russa, no qual ficou gravemente ferida. Ela sobreviveu, mas perdeu o olho direito.





























Atual piloto de desenvolvimento da Williams, a escocesa Susie Wolff andou com o FW33 da equipe de Grove durante um evento promocional no ano passado. Será a primeira a testar o FW35 nesse ano.

sábado, 19 de janeiro de 2013

33 botões... Ops, velinhas!

Pois é, acho que o título deixa bem claro o tema a ser abordado nessa postagem. Hoje, dia 19 de Janeiro de 2013, é o aniversário de Jenson Alexander Lyons Button, conhecido apenas como Jenson Button. O atual piloto da McLaren hoje completa sua trigésima terceira primavera. Ex-piloto de Williams, Benetton, Renault, BAR, Honda e Brawn GP (onde conseguiu seu único título mundial, em 2009), o piloto britânico hoje está com o restante da vida feito. De barriga cheia e no posto de líder da sua atual equipe, a poderosa McLaren, ele é um dos maiores exemplos de superação na categoria.


Tendo começado sua carreira aos 20 anos pela Williams, o inglês era considerado um prodígio e a esperança da Inglaterra de ter um piloto de ponta novamente; O último havia sido Damon Hill, campeão em 1996. Depois, passou por Benetton e Renaut, onde foi apenas razoável e nas quais sempre foi equilibrado e até tranquilão com seus companheiros de equipe, ele foi para a British American Racing em 2003 e por lá ficou até 2005. Ele fez um grande campeonato para a equipe inglesa em 2004, tendo marcado sua primeira pole-position em Ímola e diversos podiums, levando a equipe ao vice-campeonato daquele ano. 



Permaneceu lá quando a equipe se tornou Honda, apesar de um impasse com a Williams: Ele queria voltar a correr para a equipe de Frank Williams em 2006, mas não contava com a perda dos motores BMW e com a chegada dos Cosworth. Conseguiu resolver o impasse e ficar na BAR, que se tornaria Honda, pois a montadora japonesa comprou a maior parte das ações da equipe. Em 2006, conseguiu a única vitória da equipe, num chuvoso e caótico GP da Hungria, em dia de podium de Pedro de la Rosa e hino japonês para os construtores (vídeo acima). E foi considerado uma revelação que poderia fazer frente aos ponteiros nos anos seguintes. Mas isso se provaria bem errado.

Em 2007, Button iniciaria uma avalanche meteórica em direção ao ostracismo. Além da Honda ter feito um dos piores carros da história da Fórmula 1: o RA107. Conseguiu a façanha de pontuar 3 vezes com o carro, com duas oitavas colocações e uma quinta, no GP da China. Em 2008, terminou o ano sem um ponto sequer, enquanto seu companheiro, Rubens Barrichello, subiu ao podium em Silverstone. Porém, viria o prenúncio da aposentadoria forçada de ambos, com a saída da montadora japonesa da F1 ao final daquele ano. Outro forte fator contribuinte para o estado obsoleto da carreira de Button à época foi a ascensão de Lewis Hamilton à Fórmula 1, após ter sido campeão da GP2 e ter sido o vice-campeão de sua temporada piloto na categoria principal do automobilismo. Hamilton ainda seria campeão de 2008 com direito a condecoração da Ordem do Império Britânico. Era o tiro de misericórdia na carreira de Jenson. Até que...



... Ross Brawn comprou os espólios deixados pela Honda por uma libra (aproximadamente R$ 3,25) e garantiu os empregos de Button, Barrichello e todos os empregados da equipe, e deu seu nome à equipe. Fora que a equipe tinha o patrocínio do entusiasta magnata da Virgin, Richard Branson. Muito se especulou a respeito da equipe Brawn GP, e a verdade é que, com o projeto do carro de 2009 já terminado pela Honda - regulamento totalmente diferente - eles simplesmente não tomaram conhecimento de seus adversários. Button e Barrichello dominaram a primeira parte do campeonato, com o inglês a vencer 6 das primeiras 7 provas.

A única equipe que eles visualizaram no retrovisor durante praticamente o ano todo foi a Red Bull, equipe em franca ascensão com Sebastian Vettel e Mark Webber ao volante e Adrian Newey no comando da direção técnica e do projeto. Sob pressão e sem a vantagem que tinha no começo da temporada, Button teve que lutar apenas para administrar a grandiosa vantagem. Barrichello e Vettel ainda chiaram no final, mas nada que pudesse ameaçar muito ao inglês, que conseguiu seu título mundial.

O sucesso lhe rendeu 3 espólios: A condecoração da Ordem do Império Britânico, as inúmeras comparações com o compatriota Lewis Hamilton - campeão do ano anterior - e a contratação pela McLaren, onde seria seu companheiro. Muito se falou e pouco se acertou, pois  pelo que se falava e especulava, Hamilton faria picadinho de Button. Em 2010, talvez possamos dizer isso, com um trabalho apenas bom de Button, sua adaptação à nova equipe e as complicações de se trabalhar com um piloto tão bom quanto o jovem inglês. Mas Jenson não se deixou abater: Em 2011, com os problemas pessoais de Hamilton a atormentá-lo nas pistas e com uma própria evolução dele mesmo, Button conseguiu virar a equipe a seu favor e garantiu um vice-campeonato, com 3 vitórias sensacionais - no Canadá, na Hungria (ambas sob chuva impiedosa) e em Suzuka - onde Vettel acabou conquistando o bicampeonato com 4 provas de antecedência.



Em 2012, com a vitória na prova inicial e a aparente superioridade da McLaren - única equipe das grandes a não usar o degrau no bico de seu carro, parecia que Button seria o piloto a ser batido. Mas enganou-se quem fez essa predição. Com o campeonato mais disputado de todos os tempos na categoria, com 8 vencedores diferentes em 20 provas, ele apenas pôde saborear 3 idas ao lugar mais alto do podium - Austrália, Hungria e Brasil - esta última coroando um extraordinário tricampeonato de Sebastian Vettel. Button, como Kimi Raikkonen, Lewis Hamilton e Mark Webber, apenas puderam figurar diante da disputa sangrenta pelo título entre Vettel e Fernando Alonso.

Button hoje namora com a japonesa Jessica Michibata. É isso! Uma carreira de superação após uma quase-aposentadoria marcam esse piloto cujo estilo de pilotagem é cerebral e suave. Parabéns ao gentleman da Fórmula 1.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Badoer e o comovente abandono



Hoje, lembrei desse momento aí, ocorrido há 13 anos, no Grande Prêmio de Luxemburgo de 1999, no circuito de Nurburgring. E não tive como não compartilhar com os leitores disso aqui. No vídeo acima, Luca Badoer, que vinha fazendo a melhor corrida de sua vida, estava na quarta colocação da prova. Parecia ser o seu dia. Porém, o carro foi seu calcanhar de Aquiles. Especificamente, a transmissão, que acabou indo para o arqueiro espanhol. Após parar, ele jogou o volante para fora do carro e se debruçou sobre o carro, chorando a dor da perda de sua maior chance de mostrar um resultado firme e expressivo no automobilismo. Assistam!

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Uma homenagem ao melhor de todos!



Hoje é dia 3 de Janeiro. E é mais do que um dia especial para mim. Celebra-se o aniversário de um dos maiores gênios de todos os tempos da Fórmula 1, ou seja, de Michael Schumacher. O tedesco, hoje, completa 44 anos de vida. Eu acho que tudo o que eu tentar falar por aqui será supérfluo e até batido para elogiar o heptacampeão mundial, mas hoje estou muito feliz. Feliz e emocionado. Emocionado e privilegiado. Privilegiado por ter visto o melhor piloto de todos os tempos correr durante a maior parte de sua vida. Comecei a acompanhar a Fórmula 1 em meados do final dos anos 90 e, nesses mais de 14 anos de esporte a motor, vi grandes façanhas, grandes momentos, as marmeladas e as tensões de Schumacher, que, segundo José Henrique Mariante, "ganha, perde, surpreende e trapaceia como qualquer piloto. Basicamente, tendo condições para isso, vai ganhar".

Eu vi Michael Schumacher erigir um império dentro de uma equipe e expandir sua popularidade como nunca antes. Eu vi a entidade que cuida da categoria ser obrigada a mudar as regras em prol de um pouco de disputa, vez que sem esse tipo de intervenções, o tedesco era imbatível. Eu vi pessoas amando-o (incluindo a mim, como FÃS, não como idólatras) e odiando-o (as frases prontas e as injustiças dos haters, principalmente sennistas). Vocês, mais velhos e os saudosistas, podem se vangloriar de ter visto era romântica, era turbo e tudo o mais. Não tiro a importância dessas. Cada uma dessas eras e respectivos pilotos tem seu capítulo a parte na história, capítulos bonitos e que nunca esqueceremos.

Deixar a era Schumacher um ou mais degraus abaixo dessas, porém, é inócuo. Houve grandes saltos na tecnologia dos carros, com a ascensão da eletrônica, que já se fazia presente nos anos 80, de maneira ainda tímida. Há quem tire os méritos de Michael até por isso. Pensem bem - se sem a tecnologia, testa-se as habilidades de controle de carro dos pilotos - ausência de controle de tração, por exemplo - a tecnologia vem para diminuir essa dificuldade para os pilotos.

Resultado: Testa-se muito mais a velocidade pura, os limites físicos e psicológicos do piloto, vez que carros mais velozes e mais potentes, com a valorização desse aspecto, ficam mais difíceis para se levar durante uma prova inteira. Lembram da questão da Força G? Carros tão bons e com freios que permitem o breque a distâncias irrisórias da curva permitem que o piloto busque mais performance... Em troca de seu pescoço e, por que não, da exaustão de todo o seu corpo ao final de uma sessão, ou de uma corrida. Enfim, Schumacher não venceu por causa da tecnologia, mas porque se adaptou melhor a ela do que os outros pilotos. Como se não bastasse, ainda tem um volante 10x mais complexo do que um joystick para o piloto brincar com o carro inteiro durante uma prova.







Enfim, já me alonguei pacas, fica a homenagem ao melhor de todos os tempos. Parabéns, Michael - Felicidades, saúde, paz e sucesso, sempre.