quarta-feira, 4 de março de 2015

Sobre choques

Que o bicampeão mundial Fernando Alonso estará fora do GP da Austrália, não é mais novidade para ninguém que acompanha as notícias do automobilismo com alguma frequência. Seu substituto será o dinamarquês Kevin Magnussen, que voltará ao posto de titular deixado no ano passado com a chegada do asturiano em Woking.

Mas, além disso não ser mais novidade, também pouco importa agora.

O que importa é que uma cortina de mistérios se formou em torno do acidente do espanhol, ocorrido há pouco menos de duas semanas.

É a Fórmula 1 dando seu costumeiro show de transparência. Só que não.

Inicialmente, a McLaren tentou esconder a gravidade da situação. Explicou que uma "massa de vento" teria causado a perda de controle de Alonso. Alguém acreditou?

Alguns até foram na onda. Mas o ocorrido continuou a dividir opiniões. De um lado, uns acreditavam num problema bobo, do qual o espanhol se recuperaria rapidamente. E, de fato, foi o que pareceu. 3 dias depois do acidente, estava nas internets uma fotografia com um sorridente Alonso confirmando que estava tudo bem e que se recuperaria a tempo de continuar sua preparação para correr. Do outro lado, os mais radicais, que acreditavam que a coisa parecia ser bem mais grave.

E Alonso ficou de fora da programação da McLaren para os últimos testes. Começava a perder força a tese mais cética, de que ele teria sofrido apenas lesões físicas. A suspeita do quadro de concussão cerebral, amplamente negado pela equipe, começava a ganhar força de forma gigantesca. A FIA se encarregou de investigar o acidente.

Como se não bastasse, segundo informações de um blog alemão, o F-1Insider.com, o espanhol teria acordado no hospital com amnésia, falando em italiano e pensando que ainda era piloto da Ferrari. Começava-se a suspeitar de uma possível ausência de Alonso no GP da Austrália. Foi o que acabou ocorrendo. A partir daí, já não era mais dúvida: O problema era grave.

E como. 

Alonso teria declarado, em entrevista à Sky, emissora de TV italiana, que sentiu um choque antes de perder o controle do MP4-30 e bater no muro com um impacto gravitacional de 30 G. 

Depois disso, foi a vez de Fabrizio Barbazza, ex-piloto, colocar a boca no trombone. Ele disse, em seu perfil do Facebook, que Fernando "sofreu um choque de 600 watts, com consequências graves. Ele teve problemas de visão e obstrução temporária de veias no cérebro”

Agora pensem na gravidade desse problema. 

Se carros de Fórmula 1 andam dando choques nos pilotos, é caso de intervenção externa.

É da segurança dos pilotos que estamos falando. E ela é de suma importância. São eles que arriscam as bolas a mais de 300km/h a cada duas semanas. São eles os protagonistas desse show. 

E se acontece um choque desses durante uma corrida? 

Pode ter sido um acidente isolado? Pode. 

Mas cabe à entidade competente, a FIA, investigar o ocorrido. E, claro, investir menos em fazer média - como a história das pinturas dos capacetes - e investir mais em propostas sérias (como a de colocar câmeras onboard nos carros durante os testes coletivos).

E, obviamente, não repetir o papelão que desempenhou no caso de Jules Bianchi.

No mais, absurda a condução do caso pela McLaren. Tentou fazer o público de bobo e ainda omitiu descaradamente a gravidade da situação de Alonso.

E, claro, o autor deste texto deseja a Fernando Alonso que se recupere da melhor forma possível e que volte logo para as pistas. Sua presença certamente fará falta no grid da Fórmula 1.

ATUALIZAÇÃO (10h52): Por questão de segurança, as equipes estão ameaçando boicotar o GP da Austrália, sob o consenso de que Fernando Alonso, de fato, sofreu um violento choque elétrico antes de sofrer o acidente. Para as rivais da McLaren, ainda não há provas suficientes que descartem a versão mais comentada até aqui, de que o espanhol teria levado um violento choque antes de bater no muro.

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