segunda-feira, 29 de junho de 2015

Sobre quem vive de passado

Não julgue um livro pela capa.

Não julgue um texto pelo seu título.

Essas são frases que ora colam, ora não colam.

Para o caso deste post em específico, cola. Pois não vou falar de viúvas como normalmente falo. Fãs do Senna ou de qualquer piloto que seja que cause sensação de saudade.

Falarei aqui de gente que vive de passado, que se alimenta de passado.

E essas pessoas meio que torraram a paciência deste que vos escreve em sucessivas ondas de ataque ao novíssimo campeão da categoria elétrica, a Fórmula E.

Estamos falando de Nelsinho Piquet, o alemão naturalizado brasileiro, filho do tricampeão mundial Nelson Piquet.

Pois é. Nesta semana, na rodada dupla do e-Prix de Londres, o piloto garantiu, por um pontinho, o caneco da categoria (o primeiro título do Brasil numa categoria internacional desde Tony Kanaan na IRL em 2004, ressalte-se), após um campeonato de aprendizado e de muita luta para todos os pilotos, mas principalmente para o próprio Piquet. Afinal, Nelsinho não havia começado bem a disputa, mas reagiu durante o ano para brigar pelo campeonato de igual para igual com Lucas di Grassi e Sebastien Buemi.

Mas antes tivesse sido só isso.

Não só Piquet como também seus fãs também tiveram que reconquistar o respeito do mundo do automobilismo, perdido há muito com o escândalo do Cingapura-gate, há 7 anos. 

Piquet Jr. cruza a bandeirada para
redimir-se com os louros da vitória
Na ocasião, um jovem Nelsinho havia sido ordenado pelo chefe da extinta Renault (hoje Lotus), Flavio Briatore, a bater propositalmente no GP de Cingapura daquele ano, para beneficiar a estratégia do companheiro de equipe, Fernando Alonso.

E, é claro, os detratores de Nelsinho e do nome "Piquet" como um todo aproveitaram o ensejo e voltaram à carga. E voltaram a atacá-lo pelo que havia feito.

Mas não foram só eles. O concorrente e compatriota Lucas di Grassi se mostrou um ferrenho desafeto de Nelsinho. Os dois trocaram farpas durante vários momentos do campeonato, e di Grassi chegou a mencionar o acidente de Cingapura para atacar o concorrente. Ficou feio, mas faz parte do jogo. Foi uma rivalidade que a Fórmula E explorou à beça e que perdurou até o fim do campeonato, embora Lucas tenha perdido pique no final para a disputa contra Piquet e Buemi.

E a cara que Lucas di Grassi fez na premiação de gala, ao passo que Piquet comemorava com o troféu, recusa comentários.

Enfim. O título da Fórmula E alça Piquet definitivamente ao grupo de grandes pilotos do automobilismo internacional na conjuntura atual.

Uma grande conquista, que deve sim ser comemorada.

E vocês que estão minimizando o título do brasileiro mencionando o acidente de Cingapura, por favor, tenham um pouco mais de bom senso e parem de viver de passado. Parem de ser viúvas. Se tem uma hora em que seria bom mostrar algum "pachequismo", essa hora é agora.

Piquet já sofreu demais pela memória desse acidente, que provavelmente o acompanhará pelo resto da vida. 

O brasileiro errou. Cagou no pau. Peidou no pratinho de farofa. Mas deem um sossego ao rapaz. Não merece ficar de saco cheio o tempo todo por isso. 

Vocês gostariam de passar a vida inteira sendo martirizados por algum erro que cometeram anteriormente? Não sei. Mas aposto que não.

Mas todos nós merecemos uma segunda chance nessa vida. Nelsinho teve a sua e a agarrou com unhas e dentes. Os resultados estão aí para quem quiser ver.

Merece um sossego de toda essa forçação de barra que seus detratores querem enfiar goela abaixo nos outros com a rage do Cingapura-Gate.

"Só porque alguém tropeça e se perde no caminho, não significa que está perdido para sempre." (Professor Charles Xavier, X-Men Dias de um futuro esquecido)

ATUALIZAÇÃO (13:00h): CHUPA BRIATORE

O sorriso de Nelsinho - algo raro, mas muito contagiante

domingo, 14 de junho de 2015

E agora, Fórmula 1?



O título não poderia ser outro, por isso, o tradicional "sobre" é inadequado para introduzir esse pequeno artigo. Vamos deixá-lo para outra ocasião.

Pois é. E agora?

Aconteceram as 24 Horas de Le Mans, a prova mais importante do calendário da modalidade Endurance de automobilismo. A meu ver, esta prova rivaliza em importância com as 500 milhas de Indianápolis e o campeonato da Fórmula 1 (inteiro).

E Nico Hulkenberg, contratado pela Porsche para correr essa edição a bordo do carro #19 junto com o inglês Nick Tandy o neozelandês Earl Bamber, venceu logo na primeira oportunidade que teve.

Uma luz para a carreira de "Hulk", tão obscurecida que foi após anos solenemente infrutíferos na Fórmula 1.

E vencer em Sarthe era o que faltava para consagrá-lo como um talento que a "categoria-mor" não merece ter em seu grid.

Isso mesmo. A Fórmula 1 já não é mais digna de Hulkenberg.

Se já não era antes, com o alemão sofrendo em equipes pequenas e sem chances de provar seu valor, agora é menos ainda.

Como já disseram: A Porsche fez PIADA da inteligência da Fórmula 1. Esmagou. Destroçou. Destruiu.

Como se não bastasse ter feito Hulkenberg brilhar fora dos feudos de Ecclestone, ainda fez chacota da capacidade de decisão de outro piloto.

Sim, vou aproveitar esse post para tirar onda do Alonso. E como esse blog é meu, escrevo o que eu quiser. Lidem com isso.

A Porsche tinha planos para colocar Fernando Alonso no carro #19, o mesmo que venceu uma das corridas mais importantes do planeta, junto com Hulkenberg.

O espanhol, inteligente que é, preferiu assinar com a McLaren-Honda.

Vejam onde Hulkenberg foi parar. E vejam como o sábio Alonso está lidando com o pífio desempenho do McLaren.

É esse tipo de piloto que os fãs adoram endeusar na Fórmula 1.

Enquanto Hulkenberg, que não tem nem 10% da atenção dirigida a Alonso, hoje é campeão de Le Mans.

Não tá fácil a vida. A da Fórmula 1 vai de mal a pior. A de Alonso, então, nem se fala.

Alonso pode até conquistar outro título até 2017. A Fórmula 1 pode até se recuperar e voltar a ser um grande espetáculo.

Mas assim como os 7x1 que a Alemanha impôs ao Brasil, essa surra imposta por Hulkenberg e pela Porsche ninguém jamais esquecerá.