domingo, 18 de outubro de 2015

Sobre egos globais despeitados


Demorei um pouco para escrever sobre essa questão do fim da transmissão das classificações na Fórmula 1. 

Na verdade, eu não iria escrever, mesmo.

Mas me vi desenvolvendo um pensamento extenso a respeito disso e acabei vendo a oportunidade disso virar mais um texto aqui no blog.

Funciona assim: A Globo põe Galvão Bueno, um narrador-torcedor, e ao lado dele Reginaldo Leme, um homem entendido mas muito complacente. 

O mesmo vale para Burti, que entende mas não questiona as opiniões de Galvão. 

SIM, Galvão, que deveria narrar, opina durante as corridas e toma pra si, além da função de narrador e de torcedor junto ao "público" - público esse que detona pilotos brasileiros a torto e a direito - a de comentarista. 

Leme e Burti estão lá para serem os papagaios de pirata dele. Essa é a lamentável verdade.

Embora Reginaldo acabe sendo, pela sua figura de jornalista-automobilístico experiente, mais do que isso, ocasionalmente.

Mas sabe quando você tenta dar sopa quente na boca de uma criança à força? Pois é, sabe o que ela faz? Cospe tudo na tua cara.

O público entendido não gosta e vive criticando. 

Nas redes sociais, os profissionais de TV da F1 na Globo são achincalhados a esmo, bem como a própria forma de a Globo conduzir a atração.

O que é, na verdade, um problema da Globo de um modo geral nesses tempos: ela não sabe lidar com o retorno do público. 

Ou, se sabe, não quer, por birra.

Aliada a essa situação, em adição ao fato que a audiência da F1 vinha caindo vertiginosamente nos últimos 4-5 anos, foi demais para os globais, que chutaram o balde e acabaram com a brincadeira.

Mas é engraçado, isso tudo. Há anos que o que se critica era a forma da Globo conduzir as transmissões, bem como os profissionais que nelas trabalhavam.

O fato é que tudo isso foi uma grande briga de egos entre a vontade do público de F1 e a vontade dos globais.

Mas é bom salientar que esses problemas se resolveriam de forma muito menos drástica se a Globo arrumasse outros profissionais para trabalharem na atração.

O Reginaldo Leme é ótimo. Trocassem o Galvão pelo Sergio Maurício e o Burti pelo Max Wilson. Sergio, arrisco dizer, é o melhor narrador automobilístico dos últimos anos, e Max Wilson é um bom comentarista no SporTV.

Aliás, a transmissão do SporTV é um primor. Irreverente, interessante e com opiniões sortidas. Nenhum narrador toma para si as responsabilidades de seus colegas.

Mas isso nunca vai acontecer.

Porque a ideia da Globo é essa aí embaixo.

"Querem assistir corrida? Vão ter que aguentar os profissionais que eu colocar pra trabalharem na transmissão, para falar o que eu quiser em termos de informação e manter o público que não entende das corridas sem entender".

E assim, aos poucos, vai morrendo a F1 na TV aberta.

Quem sabe, em algum tempo, até a F1 na TV brasileira.



Um comentário:

  1. Também gosto das transmissões da Fox2 da Nascar sabem conduzir muito bem a trasmisao gostariam de velos narrando uma corrida de F1

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