domingo, 22 de maio de 2022

"De volta ao baile" (2022) - RESENHA CRÍTICA


Este que vos escreve deve ter sido acometido por alguma anomalia mortal para estar escrevendo sobre a segunda comédia romântica assistida em menos de um mês. Mas como a digníssima decidiu meio que de supetão e eu consegui me envolver parcialmente com o projeto, acabei decidindo assistir até o fim e escrever alguma coisa aqui. Como já dito anteriormente, comédia romântica obviamente não é meu estilo favorito, mas acho que se vale uma experiência diferente junto com a cremosa, por que não? Até porque já a fiz ver Matrix e Harry Potter inteiros, então tudo certo.

"De volta ao baile" foi lançado recentemente no serviço de streaming da Netflix e estrela Rebel Wilson, Sam Richardson, Zoe Chao e mais uma ruma de serumaninhos de quem eu nunca ouvi falar antes e provavelmente nunca ouvirei de novo (Alicia Silverstone faz uma ponta aqui, porém). Aqui temos um daqueles casos clássicos de filmes que a crítica especializada tem detonado, mas que encontrou muito calor afetuoso entre o público, especialmente a geração millenial, através de um forte teor nostálgico. Na trama, Rebel Wilson interpreta Stephanie Conway, uma garota colegial de 17 anos que quer muito ser popular na escola a todo custo, se envolver com o pessoal descolado, conquistar o cara mais gostoso do pedaço e desbancar a rival. Porém, a garota sofre um terrível acidente durante uma apresentação de torcida, fica em coma por vinte anos e, ao acordar, se depara com um mundo bem diferente dos anos 2000, no qual ela terá de lutar para se ajustar, tendo a mente de 17 anos em um corpo de 37.

Tendo a concordar com a crítica em alguns aspectos, mas não achei este filme horrível. Tem um valor de produção aceitável para o padrões de um original Netflix e alguns momentos inspirados na fotografia e na trilha sonora. O humor funciona bem em alguns momentos, com gags bem divertidas, principalmente para quem manja das referências dos anos 90 e 2000. Também tem um pouco de "American Pie" durante quase toda a duração, com gags sexuais nada tímidas. Mas não é tão bem atuado e com certeza sua narrativa é extremamente derivativa, seja pela premissa, pela crítica social foda embutida ou o enredo no estilo "garota luta para ser popular" que, vamos combinar, já é mais velho do que a posição de cagar. Isso já foi bem melhor explorado em outras produções do mesmo gênero. Ainda assim, acho que o roteiro conseguiu me fazer simpatizar com o drama da protagonista ao menos o suficiente para eu me importar e continuar assistindo até o fim, graças ao teor dramático inevitável em volta do acidente. Nesse sentido, o começo o filme me passou uma vibe meio "Austin Powers", devido ao choque geracional e cultural que a personagem inicialmente sentiu, mas isso não durou muito tempo: antes da metade ela já estava totalmente integrada ao ambiente online. O problema é que o projeto exige muito da sua suspensão da descrença ao mostrar essa mulher com quase quarenta anos voltando ao ensino médio e isso acontece sem muita contestação. Parece forçado, como boa parte das coisas que vão acontecendo a partir disso também, o filme vai só acumulando absurdos, cabendo ao espectador só calar a boca e ir aceitando as coisas uma atrás da outra.

Acho que o maior problema para mim foi a forma como o projeto trata as gerações mais recentes em contraponto ao ideário noventista representado pela protagonista. Nada aqui parece muito sincero, o longa simplesmente pegou paródias e estereótipos do que seriam minorias sociais falando sobre problematizações, politicamente correto e afins e saiu jogando um atrás do outro na sua fuça como se fossem uma síntese do que teria virado a sociedade atual (na cabeça dos realizadores, pelo menos). O problema ululantemente óbvio nisso é que só parece algo que não entende realmente as gerações atuais, seus aspectos, necessidades e afins e só jogou dessa forma para fazer toda a crítica social foda sobre como as pessoas ficaram bitoladas em redes sociais, seguidores, fama e falsas interações sociais enquanto desprezam as pessoas que realmente se preocupam com elas... e por algum motivo essa premissa ainda é utilizada nos filmes por aí. Quem escreveu esse roteiro definitivamente não sabe como os jovens realmente funcionam. É o segundo filme este ano que vejo com essa trama de fundo, o primeiro foi o longa tupiniquim "Carnaval" (também lançado este ano, e de qualidade bem duvidosa, se você quiser a minha opinião).

E é isso, "De volta ao baile" passa longe de ser um desastre e definitivamente sabe qual o público a quem quer agradar, conseguindo muito êxito ao explorar a nostalgia, sendo um ótimo "Sessão da Tarde". Nada muito além. Se estiver procurando um passatempo nostálgico, a diversão é garantida.

Nota: 5,5



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