domingo, 20 de março de 2016

Sobre resultados que nunca mudam

Lewis Hamilton, Mercedes AMG F1 Team W07
(Foto: XPB Images)
~Senta que lá vem o textão~

Eu vi GP da Austrália, ontem.

Vi as duas Ferrari passar as duas Mercedes na largada.

Vi uma corrida, aparentemente, cheia de alternativas a partir daí.

"Temos uma corrida de F1", gritei pelo Twitter.

E, por bons momentos, de fato, tivemos. 

As primeiras voltas foram excelentes, com as Mercedes sofrendo para recuperar o terreno perdido na largada.

Hamilton, atrás do volante da poderosa Mercedes, ficou uma eternidade tentando passar uma Toro Rosso.

Vai ter pesadelos com Sainz e Verstappen, o menino Lewis.

Mas aí deu safety car. Batida monstruosa entre Alonso e Gutierros.

O espanhol capotou uma porrada de vezes e ficou com o carro destruído. Saiu mancando.

Foi abraçado por Gutierrez. Renasceu, o menino Fernandinho.

No paddock, era só sorrisos. Não para menos.

E admitiu a culpa pelo acidente. Nada mais justo. 

De fato foi um crasso erro de cálculo na tentativa de ultrapassagem.

Mas em se tratando de Alonso, um sujeito que geralmente deixa a culpa para o adversário, é um notável gesto de humildade.

Voltemos à corrida. O acidente provocou bandeira vermelha. Decisão acertadíssima.

Demorou muito tempo para ajeitarem a pista. Mas, depois do que aconteceu com Jules Bianchi, é melhor pecar pelo excesso.

Depois, todos puderam trocar de pneus. A Ferrari, em um erro estratégico, decidiu manter os supermacios de Vettel. 

A Mercedes manteve os médios. Se deu melhor.

Com todos os carros juntos novamente e a possibilidade de colocar sapatos novos, não era mais questão de perguntar SE a Mercedes iria retomar a dianteira, mas sim QUANDO.

E assim foi. 

Em estratégia mais apropriada, a Mercedes, que já seria candidata natural à vitória nestas condições, não teve dificuldade alguma para voltar à ponta.

Ainda contaram com o problema de pit stop da Ferrari de Vettel na última parada e com o abandono de Raikkonen. Motor do carro do finlandês abriu o bico.

Com isso tudo e noves fora, a corrida se encaminhou para ter a Mercedes com dobradinha e Vettel na terceira posição. O básico.

O tedesco da Ferrari ainda tentou tomar a segunda posição de Hamilton, com pneus melhores no final, mas errou a freada numa das curvas a duas voltas do fim e perdeu a chance. 

Mas manteve o pódio.

E assim terminou. 

Ao menos, Rosberg deu um chega pra lá na irritante prepotência do companheiro.

Hamilton estava insuportável. 

Hoje, irreconhecível.

O inglês cagou na largada e fez uma corrida bem beréu. 

No mais, destaquemos as ótimas corridas da Toro Rosso (a despeito da fúria de Vestappinho) e da Renault do Palmer (surpreendeu-me um pouco o moleque mimado).

E, claro, a sexta colocação de Romain Grosjean com a estreante Haas.

Excelente trabalho do francês ao volante do VF16. 

Para quem ama as equipes garagistas, é uma grata surpresa. Foi lindo e emocionante de se ver.

No mais, a reflexão que eu proponho é:

Qual a graça de assistir uma corrida dessas se o final é sempre o mesmo?

Qual a graça de ver a Ferrari assumindo a ponta na largada se, no final, sabemos que a Mercedes vai retomar e vencer com dobradinha?

Sei lá, acho que essa corrida foi tipo a Fórmula 1 do treino de ontem.

A F1 que deixa seu pau duro mas te faz broxar.

E dá margem pra qualquer um que dormiu e perdeu a corrida, acordar e dizer "outra corrida chata em que só mudou a ordem dos carros mercêdicos".

Sabemos que não foi assim, mas não culpo a pessoa que falar isso.

"AIN PADUA NO TEMPO DA RED BULL ERA ASSIM E VC NÃO RECLAMAVA"

Nem a pau no tempo da Red Bull era assim. 

Vettel era muito mais suscetível a erros de estratégia, problemas de confiabilidade ou os outros simplesmente não eram tão mais lentos e, vira e mexe, ameaçavam com real perigo.

Nessa era da Mercedes, esse carro é insanamente mais rápido que os outros e não fica em desvantagem nem com pneus muito gastos!

Sebastian tinha pneus duas vezes menos gastos que o inglês da Mercedes nas últimas voltas. E não passou!

Que adianta tentar vencer a Mercedes se eles têm, com pneus médios, o desempenho que a Ferrari teria com macios, e assim sucessivamente?!

Sei lá. É triste ver isso.

"AIN ELES MERECEM PORQUE TRABALHARAM MELHOR QUE OS OUTROS"

De fato, merecem, não deixo de reconhecer isso. 

Mas e o show, fica como? Enfia no cu?

A Red Bull merecia também, e nem por isso a FIA deixou de dificultar ao máximo o trabalho deles.

Precisamos de corridas com alternativas de verdade. 

Nivelar a Mercedes pelo nível das rivais seria injusto para eles. 

Mas excelente para todo mundo, que é o que importa.

A FIA conseguiu fazer isso em dois dos quatro anos de supremacia técnica da Red Bull. 

Resultado: Dois dos melhores campeonatos que a F1 já viu (2010 e 2012).

Quero mais corridas como o GP de Cingapura de 2015, em que a Mercedes corre riscos reais.

Apenas isso.

No mais, escrevi demais.

Mais do que eu gostaria para um texto sobre corridas.

Beijo na bunda e até segunda.

Alonso renasceu depois dessa (Foto: XPB Images)

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