quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Sobre melancolia (ou o inóspito final de Jogos Vorazes)

Aviso: Quem ainda não tiver assistido ao filme, não leia. Mas se ler, não reclame de spoilers. O filme já lançou há cerca de duas semanas e já dá pra ter assistido com folga.

Quem for um fanático pela trilogia de Suzanne Collins e ler isto, aviso que não preciso ler ao final do meu texto comentários como: "Leia a obra antes de julgá-la por um filme". Apago mesmo, porque não sou obrigado. Aqui, estão minhas impressões sobre o filme, exceção feita a alguns comentários.

Pois é... Fui ver o tal "Jogos Vorazes: A Esperança - Parte 2".

Fui ver sem expectativas, apenas pelo prazer de mais uma vez estar no cinema.

Cinema pouco frequentado, sala quase vazia. E isso em plena época de férias escolares no Brasil, quando geralmente os cinemas lotam, até durante a semana!

E, sinceramente... Acredito que sei o motivo.

E digo mais: Ainda bem que fui sem expectativas.

Alguns dizem que este filme foi fiel ao livro.

Eu não duvido. E não me importo.

Apenas acho lamentável.

Não gostei do filme.

E não falo aqui como crítico de cinema ou hater da "obra" (os pretensos fãs da franquia só a chamarão assim.)

Falo apenas como um cara aleatório, com um blog, que fala o que pensa, sem hesitações.

E eu gosto de Jogos Vorazes. 

Desde o começo, achei genial a ideia de misturar uma opressão totalitária, sob o comando de um déspota esclarecido (Snow) com a contemporaneidade marcada pela tecnologia - ou algo parecido, como é o caso, vez que a história passa-se numa civilização futurística e fictícia.

O que constitui uma crítica deveras sutil à barbárie televisionada - algo presente nos dias de hoje, mais que nunca.

Programas policiais, a roubalheira "novelizada" nos jornais de TV, em pleno horário nobre?

E vocês se chocam com a barbárie imposta aos tributos?

Enfim.

Uma obviedade é que o trailer vendeu a derrocada de Snow após uma batalha terrível. E, sinceramente, eu queria vê-lo de joelhos, com alguma expressão de derrota.

Mas o que se viu foi um Snow que nunca perdeu a pose de maioral e cuja astúcia, até mesmo no final, foi recompensada.

A morte de Alma Coin acaba por não deixar dúvidas disso.

Mas não senti raiva deste fato. 

A perversidade maquiavélica de Coin lhe custou um altíssimo preço. Um preço pago em sangue.

No final das contas, Coin queria ser tão somente uma sucessora para Snow. Nada mais, nada menos.

Matar crianças com bombas e incriminar o inimigo?

Tentar criar novos Jogos Vorazes? 

Era exatamente com aquilo que queriam sumir.

E sabe o que é pior? Para quem não leu o livro, tudo aquilo funciona como uma surpresa - broxante, diga-se.

Os mais desavisados só descobrem que Coin fez aquilo quando Snow denuncia.

Até então, Coin era apenas uma líder para quem os fins justificam os meios, mas não uma déspota sedenta por poder. 

E tudo faz sentido quando a líder se coloca na posição de presidente interina da Capital 

E o caráter doentio da nova presidente se faz ainda mais notório quando a mesma anuncia a criação de novos Jogos Vorazes, desta vez, com tributos entre as crianças da própria Capital.

O que talvez possa ter funcionado como a "verdade surpreendente" do filme. 

Acho que não gostei desse aspecto.

Enfim. 

Eu não me importo se o final tinha mesmo que ser este porque estava no livro ou algo assim.

O final é ruim. A luta final é patética.

A Capital é posta de joelhos e o espectador cai nesse cenário praticamente de paraquedas.

Ruim.

Ruim esse final de Jogos Vorazes. Por mais que seja o "final do livro".

O final do livro é ruim, pronto.

Faltou a emoção e a comoção da guerra, a situação do espectador no contexto. Tudo isso havia na parte 1.

Lamento muito, porque os outros filmes realmente foram excelentes.

Enfim. Cheirunda em vocês.

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