sexta-feira, 1 de maio de 2015

Sobre o 21º primeiro de maio



É, meus amigos. 

Mais um primeiro de maio se inicia.

Chegamos ao patamar de 21 primaveras sem Ayrton Senna da Silva, mais conhecido como Beco, Becão, Ayrton Senna do Brasil, o Milagreiro da Sexta-Marcha, o Rei de Mônaco, o melhor de todos os tempos e blá, blá, blá.

Antes de mais nada: Se você leu o mini-parágrafo acima e já está pensando que isto aqui é um post apologético, pode ir tirando o cavalinho da chuva.

Na verdade, eu não sei muito o que dizer. Já se passaram vinte e um anos e não há uma primavera sequer em que as pessoas deixem de falar sobre Senna. Com isso, o assunto fica saturado e dizer algo que não seja mais do mesmo fica muito difícil. E é por isso que acho que será a última vez que escrevo sobre isso no blog.

Posso dizer que o tricampeão já me levou a extremos em vários sentidos: amor, ódio, exasperação, intolerância... Tanto em relação a ele quanto em relação a outros pilotos.

Hoje, a palavra que melhor define meu relacionamento com a figura de Senna é só uma: indiferença.

Não sou fã de Ayrton Senna e tenho preferência declarada por pilotos do naipe de Michael Schumacher, Jim Clark, Alain Prost, Fangio e outros, em detrimento do brasileiro. 

Já nutri certa raiva pelas lembranças de Senna, pelo fato de simplesmente ofuscarem outros pilotos tão ou até mais habilidosos, muitas vezes até ignorando e desconsiderando a face do piloto consagrado e vencedor.

Contudo, hoje, penso ser capaz de reconhecer Senna em todas as suas nuances e facetas.

Reconheço o gênio que buscava a perfeição pelas curvas tortuosas. Talvez até o altruísta que tanto alardeiam. Um piloto de sua própria classe, um monstro na condução de um carro de corridas. Seus títulos e todas as vitórias e poles são prova incontestável disso. Sua velocidade pura nas classificações só era comparável à de Jim Clark.

Mas também reconheço o homem que exalava arrogância e, por não raras vezes, uma despreocupação misturada com irresponsabilidade na hora de medir as consequências dos seus atos.

Calma, viúvas. Vi os GP de Suzuka de 1988, os do Brasil de 1991 e 1993, o de Donnington no mesmo ano e etc, etc. Todos momentos incontestáveis de talento do brasileiro tricampeão mundial, e que dão sentido à frase "Senna fazia meus domingos de manhã - ou de madrugada - serem felizes".

Mas na posição de entusiasta de automobilismo e também de estudante de história, não posso deixar passar momentos em que o brasileiro simplesmente irreconhecível em relação à imagem que a maioria de seus fãs tem projetada na mente.

Ora, vejamos: O que dizer do GP de Mônaco de 1985, em que o brasileiro andou deliberadamente lento na pista para prejudicar as tentativas de voltas lançadas dos outros competidores? Pensavam que só Schumacher tinha feito essa malandragem em 2006, né?

E o que dizer de Imola-1989? Suzuka-1990? 

Enfim. Não pretendo aqui discutir detalhes sobre cada um desses momentos. Quem quiser, que vá pesquisar.

Na verdade, não pretendo me prolongar na concepção desse texto, pelos motivos que expliquei no começo.

Mas posso deixar aqui uma dica de bibliografia que muitos poderão considerar óbvia, mas que, tenho certeza, falta no imaginário da maioria dos fãs do Senna: "Ayrton - O Herói Revelado", do jornalista Ernesto Rodrigues.

Em suma: Minha opinião pessoal é que tanto idólatras quanto detratores deveriam sossegar o facho. 

Porque realmente não há mais o que dizer.

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