quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Sobre a solubilidade das relações na era da internet


Já fui de cobrar atenção das pessoas.

E te falo: Não tem coisa pior.

Nunca cobre atenção de alguém. Ainda mais na internet.

Se você chegar a achar que precisa disso, se afaste da pessoa.

Pedir a atenção de um amigo, por mais que a intenção seja boa, gera repulsa e afastamento.

O advento da internet fez com que tivéssemos inúmeras possibilidades ao alcance de um clique, de alguns dígitos ao teclado.

Começa uma conversa aqui. Outra ali. E outra acolá. Não vingou de primeira? Esquece. Passa para a próxima.

Por essas que geralmente fico na minha quando alguém dá sinais de que desapegou e não se interessa mais em falar comigo.

Eventualmente lamento, pois às vezes eram pessoas cuja conversa eu estimava muito.

De qualquer forma, eis aqui o que já estou tentando por em prática.

Não mendigo mais a atenção de quem quer que seja.

Puxo conversa uma vez. Duas vezes, no máximo. Se a pessoa me der papo, chamo a segunda vez. 

E gosto de reciprocidade na procura. Se você está numa relação de amizade em que só você procura a outra pessoa, se afaste logo.

De qualquer forma, toda essa questão me faz ficar bastante preocupado com o andar das relações humanas contemporâneas, cada vez mais indiferentes.

Uma boa amizade deve ser recíproca e cuidada por ambas as partes.

Se você começar a sentir necessidade pela outra pessoa, de duas uma: Ou ela vai preferir se afastar, ou vai começar a pisar em você.

A verdade, nua e crua, é esta.

Por isso o desinteresse cada vez menor pelas relações, pelas saídas, por tudo o que uma vez significou amizade.

Ninguém quer ser a pessoa mais interessada em uma relação. Porque a resistência e durabilidade do que se tem por relação hoje é pífia.

Dormir na casa do amigo? Ganhar um abraço demorado? Passeios com frequência?

Esqueça.

As relações atuais, a meu ver, sofrem influência direta da era da Internet. Comunicação simples e viciante. E, acima de tudo, cômoda.

Sair para encontrar com um amigo para conversar? Para que? Facebook existe para isso. E você nem levanta o rabo da cadeira. 

Passeios? "Vamos marcar". 

Mas ninguém marca nada.

Pessoalmente, acho isso triste. 



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