Não gosto de Jorge Lorenzo. Nunca gostei.
Sempre o achei cuzão e boçal. Um idiota, em sumo.
E é espanhol.
"Ah, seu xenófobo!" alguns dirão.
Não. É que pilotos espanhóis tendem a serem uns cuzões mesmo. Exceção feita apenas para Carlos Sainz Jr., talvez.
Ou talvez esse ainda não tenha posto suas manguinhas de fora.
Ele é cuzão e boçal? É um idiota, de verdade, na vida pessoal e profissional? Talvez, não.
Mas na minha cabeça e na de muitos fãs da Moto GP, ele certamente o é.
E depois de hoje, essa impressão ficou marcada na cabeça de todos. Disso, tenho certeza.
Os dois chegaram nas duas primeiras posições no pódio, é verdade.
Lorenzo conquistou seu quinto título na Moto-velocidade, sendo 3 na categoria principal, é verdade.
Mas os dois passaram por um fracasso retumbante.
Tanto ele quanto Marc Márquez foram amplamente derrotados.
Todos acusaram Márquez de ser complacente com Jorge Lorenzo.
O próprio Lorenzo ficou mal-falado por tentar capitalizar em cima do protecionismo do compatriota e não ver nada errado nisso.
E comemorou como se tudo tivesse sido conquistado apenas com seus esforços, ignorando completamente o protecionismo.
Lamentável.
Tecnicamente falando, o espanhol mereceu. Foram sete vitórias no ano.
Mas foi um cuzão e eu não gosto dele, portanto, foda-se.
Márquez reclamou da "falta de respeito".
Agora deu. Quem mandou ficar atrapalhando o campeonato alheio de propósito por pura picuinha?
Se não sabe brincar, não desce pro play, parça.
Quer ser respeitado? Faça seu trabalho. Faça seu campeonato. E não atrapalhe o dos outros propositalmente.
O piloto da Honda nunca tentou sequer uma ultrapassagem a Lorenzo, o que não foi de todo surpreendente.
Eu imaginava que Marc poderia apenas escoltar o compatriota. E ele jamais faria algo que beneficiasse seu maior desafeto.
Ainda tenho algum apreço por Márquez. Comemorei seus títulos e achei bacana sua rivalidade com Valentino Rossi.
Mas achei ridículo que o espanhol, justamente a maior revelação da Moto GP pós-Rossi, tenha causado esse tipo de briga.
No pódio, ambos foram vaiados. Sim, vaiados.
Dois espanhóis sendo vaiados na Espanha.
Lorenzo só foi comemorado pela organização da prova e alguns gatos pingados na torcida, provavelmente.
O único da turma que conseguiu alguma redenção foi mesmo Dani Pedrosa.
O companheiro de Márquez na Honda tentou partir para cima de Márquez quando este não tentava nada contra Lorenzo.
E foi prontamente repreendido pelo companheiro, que lhe tomou a posição logo depois, em demonstração clara de que estava aliviando com o compatriota da Yamaha.
O grande vencedor do dia foi mesmo Valentino Rossi.
Depois de uma punição questionável e controversa - havia imagens aéreas que questionavam a tese de que Rossi teria chutado Márquez - o italiano largou em último.
Em último, num grid de 26 motos e no travadíssimo circuito Ricardo Tormo, em Valência.
O italiano não se intimidou. Partiu para cima.
Em 13 voltas, ultrapassou nada menos que 21 motos.
Era nono na terceira volta, quinto na 11ª e na 12ª chegou à quarta colocação.
Mas por lá ficou.
Os adversários eram justamente Pedrosa e Márquez, da Honda, e seu companheiro e desafeto Lorenzo, da Yamaha, sendo as duas motos praticamente idênticas.
Era quase impossível, de fato, que Rossi conquistasse o título nessas circunstâncias.
Mas foi o maior vencedor de Valência.
Ovacionado por praticamente toda a torcida e boa parte da equipe Yamaha, Rossi mostrou, aos 36 anos, que sua carreira está longe de terminar.
Sua presença é positiva para o esporte e para os fãs.
Um grande piloto, genial, uma lenda viva. Um monstro sagrado de todo o esporte mundial.
E que não tem mais o que provar para ninguém.
Mas talvez tenha precisado provar para si mesmo, durante este ano de 2015, que ainda era competitivo o bastante para continuar.
E não se decepcionou. E não decepcionou os fãs, eu incluso.
Perdeu o título. Mas derrotou, moralmente e de maneira retumbante, o protecionismo espanhol.
Forza, Vale! Ano que vem você ganha!
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