"Tamburello, curva maldita!"
1994. O trágico Grande Prêmio de San Marino, realizado no Enzo e Dino Ferrari, em Imola. O mais negro final de semana da história da Fórmula 1.
Nos treinos de sexta, o primeiro grande susto. O então jovem brasileiro Rubens Barrichello, da Jordan-Hart, escapou numa zebra, o que fez seu carro decolar na curva Variante Bassa, onde ele colidiu na barreira de pneus a 225 km/h. Barrichello ficou inconsciente e teve o nariz quebrado. Assim, ficou de fora do GP.
Sábado. No dia do treino classificatório, a primeira tragédia. Roland Ratzenberger, de 34 anos, novato na F-1 em 1994 pela equipe Simtek, perdeu sua asa dianteira no fim da curva Tamburello e também o controle de seu carro. Bateu na curva Villeneuve a cerca de 308 km/h. Ele teve múltiplas fraturas no crânio e no pescoço. 8 minutos após dar entrada no Hospital Maggiore de Bologna, foi declarada a sua morte. Andrea Montermini, piloto de testes da Simtek, assumiu seu lugar no fim de semana, junto a David Brabham. Ayrton Senna, da Williams-Renault, fez a pole-position, tendo ao seu lado na primeira fila o alemão Michael Schumacher, da Benetton-Ford e Gerhard Berger, da Ferrari, largando logo atrás dele, na P3.
Domingo. Dia da corrida. Na largada, o finlandês Jyrki Juhani Järvilehto, companheiro de Schumacher na Benetton-Ford,, largava na 5ª posição, mas não conseguiu partir. Pedro Lamy, da Lotus-Mugen Honda, vinha em 22°, mas com a visão obstruída pelos que vinham à sua frente, o português bateu em cheio na traseira de Lehto, fazendo partes da carroceria de seus carros e pneus voarem contra as cercas de segurança que protegiam os torcedores. Nove pessoas ficaram levemente feridas e o safety car foi à pista. Na 5ª volta, o carro de segurança voltou aos boxes e a corrida recomeçou.
Ayrton Senna liderava a corrida, com Michael Schumacher em segundo. Ele conseguia abrir vantagem do alemão. Porém, na sétima volta, quando Senna fazia a curva Tamburello, a barra de direção da Williams-Renault quebrou.
[...] Galvão Bueno, na cabine de transmissão da TV Globo, perdeu o grande amigo no decorrer de uma frase :
"Passa rasgando na reta Ayrton Senna. Seis voltas completadas. Aí ele tenta fazer falar mais alto o motor Renault, em relação ao motor Ford. É a parte de maior velocidade. Eles vão atingir os 330 quilometros POR HORA! O último susto durou 1s03. [...] RODRIGUES, Ernesto. Ayrton - O herói revelado.
Ele ainda conseguiu frear até a velocidade cair aos 214 Km/h, mas era tarde. Colidiu fortemente contra o muro da curva Tamburello e teve o carro totalmente destruído. A barra de direção atingiu seu capacete, atravessando-o e causando-lhe traumatismo craniano. Senna foi retirado do carro e recebeu cuidados médicos do Prof. Sid Watkins, o então médico da Fórmula 1. Foi levado de helicóptero, onde ainda recebia cuidados médicos, até o Hospital de Bologna. 37 minutos depois, a corrida foi recomeçada.
Na segunda largada, Schumacher tomou a ponta e foi absoluto até o fim, conquistando a vitória e ampliando seu domínio na temporada 1994. Nicola Larini foi o segundo com a Ferrari, na primeira vez que pontuou. Mika Hakkinen, da McLaren-Peugeot, foi o terceiro, completando o podium. Mas, em respeito ao que havia acontecido com Senna e Ratzenberger, nenhuma champagne foi estourada.
"Não sinto nenhum prazer com esta vitória", declarou Schumacher.
Às 18h locais de Bologna, foi anunciada oficialmente a morte de Ayrton Senna. Alguns de seus fãs choram sua morte até hoje. No Brasil, à época foi decretado feriado de luto nacional por 3 dias.
Foi muito difícil escrever este post. Muito mesmo.
Classificação final – GP de San Marino
V=Voltas; VL=Voltas como líder
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