As coisas, às vezes, nos acontecem por estranhos caminhos. E têm ainda mais estranhos e curiosos desfechos.
Eu sei, essa é uma frase clichê demais para começar um texto. Mas ela introduzirá este, por falta de definição melhor para o que me aconteceu essa semana.
"Histórias de Minha Morte".
Este é o nome de um longo e com que Maya Falks, 34, roubou-me a ocasião do primeiro choro ao ler um livro.
E não foi um choro instantâneo. Foi um choro progressivo, como se durante a leitura, ele se tornasse mais evidente, se tornasse algo grande demais para não se manifestar em meu rosto.
Como se a alma transbordasse e escapasse por meus olhos.
Enquanto lia o livro, muitas perguntas me passaram pela mente.
Qual seria o nome desse texto que eu escreveria? Porque sim, eu li esse livro, tendo como um dos objetivos, escrever sobre o mesmo, vez que gostaria de dar minha contribuição à autora, mesmo que pouca, de alguma maneira, além de ter adquirido o livro.
Acabou sendo o mais óbvio. O mais simples. Navalha de Occam, diriam. A explicação mais simples é a mais certa.
Leandra.
É sobre Leandra que esse texto objetiva falar. É tudo sobre Leandra, sobre o que lhe fizeram, sobre como ela, mesmo que inconscientemente, me tocou. E como tocou às outras leitoras e leitores que adquiriram o livro.
E Leandra merece um espaço nesse texto e, mais importante, nos corações de todas as pessoas que ela tocou, por meio da escrita da autora.
E que escrita!
Maya nos brinda com simplicidade em suas palavras. Uma escrita acessível, mas cruel, chocante e impactante, na mesma medida. Que choca, tanto por termos utilizados quanto pela crueza das situações. A autora nos traz uma narrativa imersiva, de modo que os leitores sentimo-nos como se estivéssemos ali, junto com Leandra, e também como se pudéssemos penetrar nas mentes de todos os seus interlocutores ao longo de sua curta vida.
É um livro cruel na mesma medida em que é catártico. Capaz de provocar embrulhos nos estômagos mais fracos. Capaz, como diria Alvo Dumbledore, de provocar os maiores sofrimentos e também de remediá-los.
Dizer que o livro nos traz reflexões seria de um inominável eufemismo. É um livro que FORÇA a reflexão, obriga o leitor(a) a, de certa forma, imergir na narrativa. Uma narrativa sobre a vida e a morte, isso é meio que inevitável num primeiro momento.
Depois, sobre problemas sociais que, como Leandra, a maior parte das mulheres sofre em algum momento, ou por toda a vida.
E, por último, mas não menos importante, pensar sobre si mesmo.
"Mas Pádua, por que pensar sobre si mesmo?"
Ora, não parece óbvio?
Nesse livro, Maya discorre sobre você, leitor. Sobre mim, sobre ela mesma e todo mundo que pisa nesta terra. Até sobre quem já se foi. Ah, outro clichê?
Não. Apenas a mais pura verdade, nua e crua, dita, assim como no livro, de maneira crua.
Porque fala sobre pessoas e sobre sua capacidade de fazer o bem e o mal. Sobre relações sociais, preconceitos. É um livro que fala sobre machismo, racismo, homofobia, todos males que ainda perduram até hoje depois de séculos de existência. Males que já envolveram essa sociedade por gerações antes da nossa. Males que ainda ficarão muito tempo aí, talvez até depois de você e eu morrermos.
Se esse livro fez o que fez com minha cabeça, coração e sentimentos, imagine o que já fez, ou ainda fará, com mulheres já leram ou que ainda o farão!
Depois de tudo isso, é curioso constatar que há toda uma ironia nesse processo.
A de que Maya Falks tenha sido tão feliz ao escrever coisas tão tristes.
Adquiram o livro. Leiam-no. Permitam-se as sensações de uma reflexão, mais do que válida, necessária.
Maya Falks merece. LEANDRA MERECE.
Adquiram o livro. Leiam-no. Permitam-se as sensações de uma reflexão, mais do que válida, necessária.
Maya Falks merece. LEANDRA MERECE.
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