(Foto: XPB Images) |
~Senta que lá vem o textão~
Eu vi GP da Austrália, ontem.
Vi as duas Ferrari passar as duas Mercedes na largada.
Vi uma corrida, aparentemente, cheia de alternativas a partir daí.
"Temos uma corrida de F1", gritei pelo Twitter.
E, por bons momentos, de fato, tivemos.
As primeiras voltas foram excelentes, com as Mercedes sofrendo para recuperar o terreno perdido na largada.
Hamilton, atrás do volante da poderosa Mercedes, ficou uma eternidade tentando passar uma Toro Rosso.
Vai ter pesadelos com Sainz e Verstappen, o menino Lewis.
Mas aí deu safety car. Batida monstruosa entre Alonso e Gutierros.
O espanhol capotou uma porrada de vezes e ficou com o carro destruído. Saiu mancando.
Foi abraçado por Gutierrez. Renasceu, o menino Fernandinho.
No paddock, era só sorrisos. Não para menos.
E admitiu a culpa pelo acidente. Nada mais justo.
De fato foi um crasso erro de cálculo na tentativa de ultrapassagem.
Mas em se tratando de Alonso, um sujeito que geralmente deixa a culpa para o adversário, é um notável gesto de humildade.
Voltemos à corrida. O acidente provocou bandeira vermelha. Decisão acertadíssima.
Demorou muito tempo para ajeitarem a pista. Mas, depois do que aconteceu com Jules Bianchi, é melhor pecar pelo excesso.
Depois, todos puderam trocar de pneus. A Ferrari, em um erro estratégico, decidiu manter os supermacios de Vettel.
A Mercedes manteve os médios. Se deu melhor.
Com todos os carros juntos novamente e a possibilidade de colocar sapatos novos, não era mais questão de perguntar SE a Mercedes iria retomar a dianteira, mas sim QUANDO.
E assim foi.
Em estratégia mais apropriada, a Mercedes, que já seria candidata natural à vitória nestas condições, não teve dificuldade alguma para voltar à ponta.
Ainda contaram com o problema de pit stop da Ferrari de Vettel na última parada e com o abandono de Raikkonen. Motor do carro do finlandês abriu o bico.
Com isso tudo e noves fora, a corrida se encaminhou para ter a Mercedes com dobradinha e Vettel na terceira posição. O básico.
O tedesco da Ferrari ainda tentou tomar a segunda posição de Hamilton, com pneus melhores no final, mas errou a freada numa das curvas a duas voltas do fim e perdeu a chance.
Mas manteve o pódio.
E assim terminou.
Ao menos, Rosberg deu um chega pra lá na irritante prepotência do companheiro.
Hamilton estava insuportável.
Hoje, irreconhecível.
O inglês cagou na largada e fez uma corrida bem beréu.
No mais, destaquemos as ótimas corridas da Toro Rosso (a despeito da fúria de Vestappinho) e da Renault do Palmer (surpreendeu-me um pouco o moleque mimado).
E, claro, a sexta colocação de Romain Grosjean com a estreante Haas.
Excelente trabalho do francês ao volante do VF16.
Para quem ama as equipes garagistas, é uma grata surpresa. Foi lindo e emocionante de se ver.
No mais, a reflexão que eu proponho é:
Qual a graça de assistir uma corrida dessas se o final é sempre o mesmo?
Qual a graça de ver a Ferrari assumindo a ponta na largada se, no final, sabemos que a Mercedes vai retomar e vencer com dobradinha?
Sei lá, acho que essa corrida foi tipo a Fórmula 1 do treino de ontem.
A F1 que deixa seu pau duro mas te faz broxar.
E dá margem pra qualquer um que dormiu e perdeu a corrida, acordar e dizer "outra corrida chata em que só mudou a ordem dos carros mercêdicos".
Sabemos que não foi assim, mas não culpo a pessoa que falar isso.
"AIN PADUA NO TEMPO DA RED BULL ERA ASSIM E VC NÃO RECLAMAVA"
Nem a pau no tempo da Red Bull era assim.
Vettel era muito mais suscetível a erros de estratégia, problemas de confiabilidade ou os outros simplesmente não eram tão mais lentos e, vira e mexe, ameaçavam com real perigo.
Nessa era da Mercedes, esse carro é insanamente mais rápido que os outros e não fica em desvantagem nem com pneus muito gastos!
Sebastian tinha pneus duas vezes menos gastos que o inglês da Mercedes nas últimas voltas. E não passou!
Que adianta tentar vencer a Mercedes se eles têm, com pneus médios, o desempenho que a Ferrari teria com macios, e assim sucessivamente?!
Sei lá. É triste ver isso.
"AIN ELES MERECEM PORQUE TRABALHARAM MELHOR QUE OS OUTROS"
De fato, merecem, não deixo de reconhecer isso.
Mas e o show, fica como? Enfia no cu?
A Red Bull merecia também, e nem por isso a FIA deixou de dificultar ao máximo o trabalho deles.
Precisamos de corridas com alternativas de verdade.
Nivelar a Mercedes pelo nível das rivais seria injusto para eles.
Mas excelente para todo mundo, que é o que importa.
A FIA conseguiu fazer isso em dois dos quatro anos de supremacia técnica da Red Bull.
Resultado: Dois dos melhores campeonatos que a F1 já viu (2010 e 2012).
Quero mais corridas como o GP de Cingapura de 2015, em que a Mercedes corre riscos reais.
Apenas isso.
No mais, escrevi demais.
Mais do que eu gostaria para um texto sobre corridas.
Beijo na bunda e até segunda.
Alonso renasceu depois dessa (Foto: XPB Images) |
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