Pois é, gente. Tive a chance um tanto quanto inesperada de fazer uma entrevista com o Altamir Mauro de Oliveira Dias, que todos no mundo do Kart conhecem como Maurão. Ele é instrutor da "Mauro Competições", e já trabalhou com pilotos que hoje são considerados referência no Brasil e no mundo, como Ruben Carrapatoso, Tony Kanaan, Bruno Senna, Lucas di Grassi, Átila Abreu, Roberto Pupo Moreno e muitos outros. Eu poderia citar aqui os grandes feitos desses pilotos no cenário internacional, mas isso pegaria parágrafos demais, os mesmos parágrafos que, em vez disso, serão muito bem utilizados para colocarmos as partes integrantes dessa interessantíssima entrevista. Espero que gostem!
Padua: Como o senhor começou a se interessar por karts?
Maurão: Eu tomava conta de carros de rua como flanelinha no kartódromo de Interlagos. Em 1969 - quando tudo começou - comecei a trabalhar com o piloto Julio Caio de Azevedo Marques. Eu tomava conta da casa e dos karts dele.
Padua: Como o senhor conheceu o Ayrton?
Maurão: Conheci o Ayrton por intermédio do Lúcio Pascoal Gascon('Seo' Tchê). Este me deu a oportunidade de trabalhar e estar com ele.
Padua: Como era a sua relação pessoal e profissionalmente com o Ayrton no início da carreira?
Maurão: Senna nos nutria muito carinho. Corria na equipe Sulam e, com isso, nós formamos uma magnífica amizade. Ayrton sempre foi um ótimo acertador de karts e um ótimo piloto. Sempre foi "fominha", ou seja, queria ganhar sempre. Andava sempre para ganhar. Um dia, seu pai, sr. Milton (da Silva) conversou com ele e lhe disse que, se ele quisesse o automobilismo de verdade, teria de começar a andar bem em chuva, e isso lhe deu a motivação e a vontade de criar um kartódromo em sua fazenda (na cidade de Tatuí). O kartódromo tinha opção para seco e chuva (condições de pista). Por várias vezes, eu levei karts para o Senna e seus amigos andarem lá.
Padua: Como o senhor resumiria a sua avaliação sobre o automobilismo nacional atualmente?
Maurão: Hoje, nós temos o Felipe Massa, que está na Fórmula 1, e o Felipe Nasr, na GP2, sendo que, próximo de entrar na Fórmula 1, temos apenas o próprio Nasr. Depois desses pilotos, nós passaremos um bom tempo sem um novo piloto do Brasil na categoria-mor do automobilismo internacional. Eu penso que hoje, no automobilismo nacional, temos a Stock Car, que da ênfase a um ótimo campeonato, onde temos vários pilotos que já passaram pela F1 (Rubinho incluso), já que não temos uma categoria de Fórmula de grande nível.
Padua: O Kart é tido como a principal escola de pilotos, afinal, todos os grandes pilotos internacionais começaram nessa categoria. Qual a sua expectativa em relação ao surgimento de pilotos promissores oriundos do Kart no Brasil?
Maurão: O kart sempre foi uma grande escola para todos os pilotos. A minha expectativa é pequena, por uma série de fatores, a começar pelos financeiros. Temos pilotos de qualidade muito boa, cujo poder aquisitivo é baixo. Na conjuntura atual, as chances para um piloto chegar a níveis mais altos do automobilismo através do seu talento são pequenas.
Padua: O senhor poderia avaliar sua participação nesse Brasileiro de Kart, bem como seu piloto, Vinicius Paparelli?
Maurão: Este campeonato brasileiro, de um modo geral, é bastante difícil, no qual tivemos grandes problemas (freios, quebras de motor, escapamentos flexíveis e, o principal de tudo, problemas com asfalto - buraco, óleo na pista, fatores que acabaram fazendo com que o acerto não ficasse tão perfeito). É a segunda corrida que eu estou fazendo com ele como preparador de seu kart. Tivemos muita falta de sorte e acabamos sem um resultado muito bom.