sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Entrevista com Maurão!

Pois é, gente. Tive a chance um tanto quanto inesperada de fazer uma entrevista com o Altamir Mauro de Oliveira Dias, que todos no mundo do Kart conhecem como Maurão. Ele é instrutor da "Mauro Competições", e já trabalhou com pilotos que hoje são considerados referência no Brasil e no mundo, como Ruben Carrapatoso, Tony Kanaan, Bruno Senna, Lucas di Grassi, Átila Abreu, Roberto Pupo Moreno e muitos outros. Eu poderia citar aqui os grandes feitos desses pilotos no cenário internacional, mas isso pegaria parágrafos demais, os mesmos parágrafos que, em vez disso, serão muito bem utilizados para colocarmos as partes integrantes dessa interessantíssima entrevista. Espero que gostem!

Padua: Como o senhor começou a se interessar por karts?

Maurão: Eu tomava conta de carros de rua como flanelinha no kartódromo de Interlagos. Em 1969 - quando tudo começou - comecei a trabalhar com o piloto Julio Caio de Azevedo Marques. Eu tomava conta da casa e dos karts dele.

Padua: Como o senhor conheceu o Ayrton?

Maurão: Conheci o Ayrton por intermédio do Lúcio Pascoal Gascon('Seo' Tchê). Este me deu a oportunidade de trabalhar e estar com ele.

Padua: Como era a sua relação pessoal e profissionalmente com o Ayrton no início da carreira?

Maurão: Senna nos nutria muito carinho. Corria na equipe Sulam e, com isso, nós formamos uma magnífica amizade. Ayrton sempre foi um ótimo acertador de karts e um ótimo piloto. Sempre foi "fominha", ou seja, queria ganhar sempre. Andava sempre para ganhar. Um dia, seu pai, sr. Milton (da Silva) conversou com ele e lhe disse que, se ele quisesse o automobilismo de verdade, teria de começar a andar bem em chuva, e isso lhe deu a motivação e a vontade de criar um kartódromo em sua fazenda (na cidade de Tatuí). O kartódromo tinha opção para seco e chuva (condições de pista). Por várias vezes, eu levei karts para o Senna e seus amigos andarem lá.

Padua: Como o senhor resumiria a sua avaliação sobre o automobilismo nacional atualmente?

Maurão: Hoje, nós temos o Felipe Massa, que está na Fórmula 1, e o Felipe Nasr, na GP2, sendo que, próximo de entrar na Fórmula 1, temos apenas o próprio Nasr. Depois desses pilotos, nós passaremos um bom tempo sem um novo piloto do Brasil na categoria-mor do automobilismo internacional. Eu penso que hoje, no automobilismo nacional, temos a Stock Car, que da ênfase a um ótimo campeonato, onde temos vários pilotos que já passaram pela F1 (Rubinho incluso), já que não temos uma categoria de Fórmula de grande nível.

Padua: O Kart é tido como a principal escola de pilotos, afinal, todos os grandes pilotos internacionais começaram nessa categoria. Qual a sua expectativa em relação ao surgimento de pilotos promissores oriundos do Kart no Brasil?

Maurão: O kart sempre foi uma grande escola para todos os pilotos. A minha expectativa é pequena, por uma série de fatores, a começar pelos financeiros. Temos pilotos de qualidade muito boa, cujo poder aquisitivo é baixo. Na conjuntura atual, as chances para um piloto chegar a níveis mais altos do automobilismo através do seu talento são pequenas.


Padua: O senhor poderia avaliar sua participação nesse Brasileiro de Kart, bem como seu piloto, Vinicius Paparelli?

Maurão: Este campeonato brasileiro, de um modo geral, é bastante difícil, no qual tivemos grandes problemas (freios, quebras de motor, escapamentos flexíveis e, o principal de tudo, problemas com asfalto - buraco, óleo na pista, fatores que acabaram fazendo com que o acerto não ficasse tão perfeito). É a segunda corrida que eu estou fazendo com ele como preparador de seu kart. Tivemos muita falta de sorte e acabamos sem um resultado muito bom.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Entrevista com a piloto Thaline Chicoski

Pois é, minha gente. Conversei com a piloto de kart Thaline Chicoski após o 48º Campeonato Brasileiro de Kart de 2013, e o resultado foi a entrevista que seguirá. Gostei muito dos resultados. Espero que os leitores também gostem.

Piston GP Team: Como (e quando) você começou a se interessar por karts? 

TC: Comecei a me interessar por kart a partir do momento em que sentei em um pela primeira vez.
Em 2010 meu pai comprou um kart para brincar com meu irmão. Eu queria muito andar, mas ele não deixava. De tanto eu insistir um dia ele acabou me deixando dar umas voltinhas. Andei e na hora me identifiquei, acabei me envolvendo com aquilo tudo e minha dedicação foi aumentando cada vez mais em busca de alcançar melhores resultados.

Piston GP Team: Quando você disputou sua primeira competição? 

TC: No final de 2010, ocorreu a sexta e ultima etapa da Copa Paraná de Kart em Campo Mourão. Fazia dois meses que eu tinha começado a andar de kart. Acostumada com a pista, fui incentivada pelo pessoal do kartódromo a participar da etapa final da Copa Paraná. Foi minha primeira corrida.

(Foto: Maurício Villela)

Piston GP Team: Você poderia fazer um retrospecto (ou um histórico, como preferir) da sua carreira, desde o começo até recente 48º Brasileiro de Kart, por você disputado?

TC: Em 2010, ano que comecei a correr, participei da ultima etapa da Copa Paraná de Kart em Campo Mourão, PR. Conquistei o 4° lugar. 

Em 2011 participei da Copa Paraná e do Campeonato Paranaense pela categoria de motores Honda quatro tempos, nos quais conquistei o titulo. Em consequência, uma vez que os dois primeiros colocados nos campeonatos estaduais de cada categoria garantem vaga para a Copa das Federações, em 2012 participei da Copa das Federações realizada em Vitória (ES), ficando em 9° lugar.

No segundo semestre do ano passado participei do Campeonato Nova Schin realizado na Arena Schincariol, cidade de Itu, no Estado de São Paulo, com o apoio da fabricante de chassis Mega Kart. Na classificação geral fiquei em 6° lugar.

Neste ano mudei de categoria e comecei a participar de campeonatos com motores dois tempos com apoio da fabricante de motores KTT. Recentemente participei da primeira etapa do campeonato Sul Brasileiro realizado na cidade de Farroupilha (RS) – conquistando um 4° lugar – e do campeonato Brasileiro realizado em Eusébio (CE), ficando em 15° lugar.


2.1 Você já correu em outros estados além do Paraná e do Ceará? Quais? Poderia descrever sua opinião sobre infraestrutura desses lugares?

TC: Sim. Além do Paraná e do Ceará, já participei de campeonatos no estado do Espirito Santo, de São Paulo e do Rio Grande do Sul. A maioria dos lugares que já corri a infraestrutura era boa, algumas pistas muito boas e outras nem tanto. Agora a pior com certeza foi a de Eusébio-CE. Os boxes, as salas de imprensa, a lanchonete e os banheiros não tem o que reclamar, a infraestrutura destes estava boa, o que estava ruim era a pista. Muito ruim.

Piston GP Team: Como é a sua relação com o seu preparador de motor? Você apenas observa e o escuta, ou, além disso, você põe, por assim dizer, a "mão na graxa"?

TC: Eu observo e escuto tudo que meu preparador fala. Como ainda não entendo muito, procuro aprender com quem sabe. Em campeonatos, como não tenho muita agilidade, é difícil eu mexer no kart, deixo para o preparador mesmo, mas em treinos onde tenho tempo coloco a “mão na graxa” com vontade. 

Piston GP Team: Você é piloto, mas o lado feminino nunca deixa de ser atuante. Dito isso, fora toda a "parafernália" de costume que se deve levar aos kartódromos para correr, você leva acessórios que as garotas costumam usar?

TC: Sim. Além dos acessórios necessários para o kart, levo todos os acessórios necessários para os meus cuidados, como toda garota. 

4.1 Posso concluir, portanto, que você se preocupa bastante com vaidade nos bastidores das corridas. Sim?
TC: Sim. Me preocupo muito com a vaidade. Procuro estar sempre bem arrumada e cuidada, afinal, é assim que me sinto bem. 

Piston GP Team: Quanto à sua relação com o esporte... 
5.1 Certamente, na história, não é muito frequente a participação das mulheres no automobilismo, se formos comparar com o sexo oposto. Você acha que, à nossa época, essa situação já está mudando? Ou ainda há muito que mudar para o sexo feminino nesse aspecto, a ponto de ainda considerarmos este um campo, de certa forma, hostil para as moças?

TC: Mesmo a participação no automobilismo sendo predominantemente masculina, a situação de hoje é outra. Cada vez mais as mulheres estão atuando em diversas áreas. No automobilismo as mulheres mostram suas caras e se destacam cada vez mais, mostrando que são boas o bastante para disputar de igual para igual.

5.2 Como os seus pares de profissão no esporte a tratam nos bastidores? E nas pistas?
TC: Fora das pistas eles me tratam com respeito e me dão preferencia em certas situações, agora nas pistas é diferente, não tenho preferencia alguma, afinal é uma disputa. Na pista é de igual para igual.

5.3 Como seus amigos(as) lidam com o fato de você ser kartista?
TC: Meus amigos se interessam pelo kart e torcem muito por mim. Gostam de saber todos os resultados e sempre que podem me acompanham.

5.4 Você está estudando no momento? - Pergunto isso porque, pela sua idade, você pode ter terminado os estudos OU ter deixado-os de lado para se dedicar à sua carreira - embora eu ache essa hipótese deveras remota - Se sim, qual seu grau de ensino atual?

TC: Com o Ensino Médio completo, atualmente estou cursando o primeiro ano Moda na Unicesumar em Maringá – Ensino Superior.

5.4.1 Em caso afirmativo, o que seus colegas na escola (ou universidade, dependendo do grau de ensino) acham de você estar fazendo carreira como kartista? E isso influi de alguma maneira em você?

TC: A maioria dos meus colegas da universidade acha diferente eu me interessar por um esporte como o kart, mas me apoiam e torcem por mim. Sempre estão perguntando – interessados em saber meus resultados.

Piston GP Team: Você é uma piloto bastante agressiva e que "dá a cara a tapa", pelo que eu pude ver na sua participação no Júlio Ventura. Mas, além disso, você é uma garota. Dado este fato, o que você gosta de fazer no seu dia-a-dia? Se quiser responder, claro.

TC: Gosto muito de estar com meus amigos e com minha família. Gosto de sair para me divertir, dançar, ver um bom filme, escutar música, praticar exercícios. Gosto de inventar coisas, sempre que tenho um tempinho livre procuro fazer algo novo, adoro o curso que estou fazendo (moda), acho que tem tudo a ver comigo!

Piston GP Team: Quais são suas pretensões para o futuro? Pretende seguir carreira no Kart, e/ou pretende avançar mais degraus no esporte a motor como um todo?
TC: Para os próximos anos pretendo continuar no kart mesmo. Mais pra frente pretendo avançar, passando por categorias superiores ao kart até ingressar na Fórmula Indy – que é meu sonho.

domingo, 15 de setembro de 2013

Minha análise do filme RUSH


Pois bem, como o próprio título já deixa subentendido, fui assistir ao filme "RUSH - no limite da emoção" no cinema. Eu o fiz nesta sexta-feira, como um esforço para ter um assunto abundante para comentar aqui na coluna semanal que escrevo para este site. Como brinde, me dei o luxo de adquirir o livro "Corrida para a glória", do jornalista Tom Rubython. Esse tipo de livro eu tenho uma facilidade bem maior para ler (e entender, porque há pessoas que dizem ler livros rapidamente, mas apenas para dizer que leram; algumas não entendem a história) do que os outros tipos.


Sem mais rodeios, vamos ao filme. Eu gostei. É bom, mas nada mais do que bom. O longa é feito para agradar os fãs de Fórmula 1 e até os que não são fãs de corridas de carro. Os diálogos engraçados e os constantes choques de personalidade entre os personagens principais, James Hunt e Niki Lauda, prendem a atenção do espectador, goste ou não de automobilismo. As cenas de ação nas pistas são bem dinâmicas. Ah, e os atores Daniel Brühl e Chris Hemsworth (em especial, Brühl) foram um assombro na interpretação dos dois campeões mundiais.


Em conversa com uma amiga, refleti sobre um aspecto intrigante de RUSH: Há pitadas de moralismo. O certinho (Lauda) contra o maluco (Hunt). E então, me veio à tona uma aula que tomei na semana passada: uma discussão sobre a utilização dos filmes como documentação histórica. Eu sei, é errôneo, uma vez que, na minha opinião, RUSH não se propôs a reproduzir a história de uma forma fidedigna (a rivalidade - sic - entre Lauda e Hunt deixa isso bem claro). Porém, um dos resultados dessa discussão nos será muito útil na progressão desta coluna. Vejamos:

Para a análise de um filme como este, é interessante que nós observemos com calma o momento histórico em que ele foi produzido e que façamos uma relação entre ele e o momento histórico retratado no longa de Ron Howard. Estamos em 2013, e o filme lançado retrata os anos 1970, em que eram bastante comuns os pilotos que gostavam mais das diversões noturnas, que não davam tanto de si durante as preparações, nos intervalos entre uma corrida e outra, etc. Niki era uma espécie de prenúncio do tipo de piloto que começaria a ser uma constante mais para o final dos anos 80 e início dos 90. Foi um piloto dedicado e que ia muito além de apenas sentar no carro e acelerar. Seu envolvimento com a equipe era visceral nesse aspecto (não que ele fosse único entre seus pares neste; Fittipaldi, se bem me recordo, também tinha uma espécie de "bunda de veludo") Além disso, tinha uma vida toda regrada. Casado, era fiel à esposa e não se permitia o luxo das diversões noturnas, das quais Hunt era frequentador assíduo.

Com o tempo, outros pilotos que seguiram esse viés surgiram até o ponto de se tornarem o modelo a ser seguido pelos outros: Ayrton Senna, Alain Prost, Michael Schumacher e, mais recentemente, Sebastian Vettel). Estes caras tem um Q a mais que os demais em termos de desempenho. Ao meu ver, entre esses, Michael foi o maior exemplo: Preocupado com a saúde física e mental, visceralmente envolvido com a Ferrari no sentido de melhorar o desempenho do carro e de colocar ordem na casa, em apenas quatro anos, o alemão levou a equipe ao topo, e lá ele a manteve durante mais quatro anos, de maneira esmagadora.


Pois bem, voltemos ao filme. A rivalidade entre James Hunt e Niki Lauda é, sem dúvida, o ponto forte do longa. Chamavam um ao outro de "cretino" constantemente, e Hunt constantemente se referia a ele como "o chucrute" entre os seus. Esse talvez tenha sido o maior problema, e o que mais desagradou o público "saudosista", mais conhecedor da história da F1, em especial aqueles que "viram tudo ao vivo". A rivalidade entre os dois, se existiu, não foi tão forte quanto aquela que RUSH mostrou. O campeonato de 1976 era amplamente dominado pelo austríaco da Ferrari antes do acidente sofrido em Nordschleife, na Alemanha. Quem sabe o que teria acontecido se ele não tivesse sofrido o tal acidente? Nem eu, nem ninguém. Mas é possível crer que o inglês da McLaren venceria tantas corridas em conjunto com uma série de abandonos de Lauda desde então? Se não fosse impossível, acho que seria bastante improvável.

Comparativo: Brühl encarnando Lauda pós-acidente. A semelhança é bastante forte

Nas nove primeiras corridas, Lauda somou 61 pontos (cinco vitórias, dois segundos lugares, um terceiro e um abandono), contra 26 de Hunt (duas vitórias, um segundo lugar, um quinto e quatro abandonos e uma desclassificação). Naquele momento, tudo ia a favor do austríaco. Com apenas sete corridas faltando, seria fácil para Lauda apenas adotar a tática de administrar os resultados que precisaria ter para arrebatar o segundo título consecutivo. O acidente, portanto, se não lhe minou as chances de vencer o campeonato, deixou Hunt chegar para a forra. Mas Lauda não voltou o mesmo após o ocorrido. Ficou três corridas fora do jogo e abriu espaço para Hunt finalmente entrar, de fato, na briga pelo título. Doutra forma, alguém acredita que Hunt chegaria, sendo Lauda um piloto tão cerebral e não tendo perdido três corridas em sequência (contando com o acidente na Alemanha)? Não sei vocês, mas eu acho que não.

OK, aqui fecho o parêntese da análise da rivalidade exacerbada no filme para a abertura de um outro. O Brasil é retratado em dois momentos distintos neste filme. Quando Hunt vai para a McLaren, o pessoal da McLaren fala que precisava compensar a saída de Emerson Fittipaldi, que havia ido para a Copersucar, referindo-se ao piloto e à equipe brasileiros como, respectivamente, "Fuckingpaldi" e "Coperfuckingsucar". Se aquilo já me fez pensar sobre a referência à imagem errônea que se tem do país como "inferior" (não sei se é complexo de vira-lata meu, mas senti-me um pouquinho mal), imaginem quando chegamos ao GP do Brasil de 1976, que abriu aquela temporada. Moças seminuas dançando samba no "país tropical e abençoado por deus"... Sei não. Não se pode dar o veredito acerca da intenção dos cartolas responsáveis pelo filme assim de bate-pronto, de modo que chamo-os aqui para uma reflexão sobre qual poderia ter sido a tal intenção de mostrar o Brasil dos anos 70 assim.


Digo-lhes o seguinte, porém: Vão assistir RUSH. Quem não ligar para isso (eu não liguei enquanto estava assistindo, pois já tinha uma ideia do que esperar do longa), que vá e se deleite. É um filme divertido e raro. Raro, sim, afinal, películas sobre automobilismo são um espécime absolutamente incomum. Sua produção certamente foi bastante cara (e causticante. Imagina o que devem ter gasto com cenas produzidas em computador, pagamentos de royalties por direitos autorais e de imagem, liberação dos carros pelas respectivas marcas e etc e tal). Estou feliz por terem produzido um bom longa e feliz pelas atuações de Hemsworth e Brühl. Acho que vocês irão gostar, como eu gostei.

Abraços a todos!

sábado, 14 de setembro de 2013

Análise do filme RUSH - por Paulo Vitor Freitas


“RUSH – No Limite da Emoção”: uma rivalidade clássica, agora nas telonas!

A espera valeu a pena: “RUSH” é um filme muito bom. E aí, como vamos analisa-lo? Eu brinco de quem entende de automobilismo, e não de cinema. Mas vamos lá, tentar fazer algo sem dar spoilers.

Por ser baseado em uma história real, lógico que o roteiro não é totalmente fiel à realidade, porém devo admitir que as adaptações foram bem feitas e formaram uma sucessão de fatos empolgantes, que prende o amante do automobilismo do início ao fim, desde que ele esteja interessado mais exatamente nisto: na história. Menos nas corridas, e eu já explico o porquê.

Para alguns, há uma certa ausência das cenas de corridas. Até porque deve haver uma certa pressão em ficar fazendo extravagâncias demais com esses carros históricos. Não são cenas fáceis de serem produzidasm sem falar na dificuldade para guiar essas máquinas brutais. Mas estes não muito frequentes momentos espetaculares da trama, foram na sua maioria, muito bem feitos. Ron Howard (o diretor) está de parabéns.



Por falar nas pessoas que trabalharam nesta produção, o que tenho a dizer sobre Chris Hemsworth e Daniel Brühl? Bom, não é querendo desmerecer o trabalho do deus nórdico do trovão (é Chris quem faz “Thor”), mas esse papel de superstar que leva a vida ao estilo sexo, drogas e rock n’ roll, já é meio clichê. Isso destaca a atuação de Daniel, que ficou muito parecido com o jovem Niki Lauda, tanto fisicamente, como no sotaque, modo de falar e agir. Um piloto de personalidade rara, que é extremamente dedicado às corridas e ao desenvolvimento de seus bólidos (aliás, o rapaz era um gênio nos acertos) e rígido com si mesmo. Mas Chris também fez um bom tarabalho, afinal, não é fácil fingir ser alguém tão... intenso. Essa oposição extrema de condutas foram muito bem demonstradas em “RUSH”.

Sobre o acidente quase fatal de Lauda, creio que não hã problema se eu falar, afinal é um marco na vida do austríaco tricampeão, além de aparecer em todos os trailers. Digo que é de arrepiar. Fiquei respirando bem devagar ao vê-lo em chamas, de tanta aflição. E não me lembro como o resgate foi feito na vida real, mas pelo menos no filme quem puxou o piloto para fora da Ferrari, foi nosso querido Emerson Fittipaldi. Sei que o brasileiro estacionou o “brazuca” Copersucar próximo ao bólido de Maranello, ao vê-lo pegar fogo.
Além deste momento, “RUSH” contém outros ápices de emoção, mas como já disse que não vou dar spoilers - pois isso é chato mesmo para quem conhece essa história -, me limito a falar mais coisas. O filme também garante algumas risadas.

Você que ama o automobilismo: assista “RUSH”! Você que nunca foi de acompanhar este esporte: assista também! O foco é na história, e esta é incrível.