sexta-feira, 29 de julho de 2022

O canto do cisne de Vettel

Há cerca de três anos, escrevi um texto para este blog, chamado "Sobre o possível canto do cisne de Vettel", onde especulava sobre uma possível aposentadoria de Sebastian Vettel da Fórmula 1 na época, no já distante ano de 2019.

Aquele texto era melancólico, em uma época melancólica para fãs de Vettel, eu incluso.

Este, ao contrário, será para CELEBRAR Vettel, como um dos melhores seres humanos que já passaram por este esporte que tanto nos maltrata, mas que tanto amamos.

Sua aposentadoria não exatamente me pegou de surpresa. Mas com certeza me deixou um pouco melancólico na hora. 

Sou daqueles que desejavam Vettel de volta a uma briga por título, pois sei que ele se daria muito, muito bem.

O desapego do piloto às redes sociais era algo louvável. Um cara à moda antiga, de fato. Daí ele criou um Instagram, só para anunciar a aposentadoria, para evitar boatos, disse-me-disse, cochichos.

Papo reto. Dele para seus fãs e público geral. Sem mediação de imprensa.

Desconheço piloto nesse grid com maior respeito pelos fãs. Talvez o único que chegue perto hoje em dia é Hamilton.

Não é mistério para ninguém que considero Vettel meu piloto favorito dos que competem atualmente. E um dos meus três favoritos de sempre, junto de Hamilton e Michael Schumacher.

Hoje em dia, não vive mais seu auge e com certeza já teve uma fase bem mais próspera no automobilismo, por uma série de fatores que nem cabe elencar neste momento.

Acompanhei a carreira de Vettel na Fórmula 1 com entusiasmo, embora inicialmente eu tenha olhado meio torto para o alemão. 

Coisa de adolescente, eu tinha lá meus 14-15 anos quando Vettel começou de fato a disputar títulos na Fórmula 1, e sinceramente tinha uma certa mania de virar casaca. Coisa de adolescente dodói.

Mas uma vez Vettel campeão, nasceu em mim uma admiração e um gosto por Seb que não pararam desde então. 2010 foi um divisor de águas para mim enquanto torcedor por uma série de fatores.

Era uma satisfação imensa ver cada vitória, cada pole, cada momento grandioso em que Vettel reescrevia a história da Fórmula 1, amealhando quase todos os recordes de precocidade possíveis. 

Muitos dos quais foram mantidos até hoje, inclusive.

O domínio se sucedeu, e Vettel foi conquistando cada vez mais vitórias e enfileirando títulos - foram quatro, no total.

52 vitórias, 56 poles, 122 pódios. Fechará a carreira com 300 GPs disputados, número fechado.

Terceiro maior vencedor da história.

Quarta maior marca de poles.

Maior quantidade de vitórias em sequência da história da Fórmula 1 - nove. 

Divide com Alain Prost a marca de quatro títulos, ficando atrás apenas de Fangio, Hamilton e Schumacher.

Enfim, uma porrada de feitos fodas pra caralho que eu deixo para vocês pesquisarem o resto na Wikipedia porque ninguém veio ler essa caceta pra ficar lendo estatística.

Afirmava na época, afirmo agora:

Sebastian Vettel foi, durante seu auge, o melhor piloto da Fórmula 1. 

Sem meios termos, sem beabá de "Ah, tal piloto era melhor mas não tinha carro" ou qualquer merda dessas.

Era o melhor. Ponto. 

Hamilton, Alonso, Raikkonen etc, 

TODOS comiam poeira. 

TODOS.

Não sei se alguém lembrará, mas teve um dia histórico nesses anos de domínio do alemão.

GP de Singapura 2013, sessão classificatória.

No Q3, Vettel foi o primeiro a fazer uma volta lançada, faltando mais de cinco minutos para acabar o tempo da sessão.

Voltou para os boxes. Por lá esperou o resultado. Ninguém superou o tempo. Confirmou a pole-position nos boxes, já fora do carro.

Não me lembro de nenhum piloto na era atual da F1 ter feito isso. 

Nem Hamilton na toda-poderosa Mercedes nos anos seguintes fez algo remotamente parecido.

"Ah mas o carro-" DANE-SE.

Mark Webber não fazia o que Vettel fazia com os carros projetados por Adrian Newey. Quem se atreve a dizer que Mark Webber era mau piloto?

Limpa a boca antes de falar "ah mas o carro". O cara ganhou de Toro Rosso sob dilúvio. Pole e vitória. Com autoridade. Estilo Senna no GP de Portugal de 1985. 

Hoje, Vettel vive o crepúsculo de sua laureada carreira. Muito amado por alguns, especialmente por sua apaixonada torcida. 

Odiado por outros tantos, fomentados pela falsa ideia de que Seb não era tão bom assim e também por todo o mar reacionário que é a Fórmula 1 e seus fãs de um modo geral.

Pois hoje, aos 35 anos e já muito mais maduro do que outrora, o alemão entende seu lugar no mundo. 

O lugar de alguém que, muito mais do que um piloto de corridas, é um ser humano imbuído da nobre motivação de tentar tornar o mundo um lugar melhor.

Do ponto de vista de um comunista (meu caso), ele pode até não entender de fato as reais causas dos problemas climáticos, bem como os problemas da população pobre e das minorias, pois sua atuação se dá de maneira ainda muito incipiente, considerando o que realmente seria necessário para resolver tais problemas (mas até aí, nem Lewis Hamilton, outro contumaz defensor de causas sociais, entende de fato, então tá tudo certo).

Mas tenho certeza de que ele se esforça ao máximo para, da sua posição, ser uma pessoa melhor e tornar o mundo um pouco melhor para outras pessoas. 

Tomou dianteira junto com Hamilton nos protestos de antirracismo de 2020. Hoje é um ferrenho defensor da causa ambiental.

Vettel é um brilhante piloto, e um ser humano melhor ainda. Isso ninguém tira dele. 

Ou de nós, que acompanhamos sua carreira com tanto carinho. por todos esses anos.

Obrigado, Sebastian Vettel. Por tudo.




Nenhum comentário:

Postar um comentário