Saudações, caros leitores que há muito não leem algo nesse blog a respeito de carros correndo e tals.
Muitos meses se passaram, muitas corridas também. Não escrevemos sobre corridas aqui desde que o Nico Rosberg foi campeão mundial na F1 em 2016.
Pra ser honesto, não senti falta de escrever sobre o assunto. Ando meio sem motivação pra escrever sobre corrida.
Mas é aquela coisa. Uma hora, aparece algo interessante pra se discorrer a respeito, nesse mundo movido a unidades de potência híbridas motores.
Bom, esse ano já teve umas 10 ou 11 corridas, e está rolando uma briga ferrenha pelo título, entre Sebastian Vettel e Lewis Hamilton, de Ferrari e Mercedes, respectivamente.
Os dois pilotos, que antes eram pura amizade, respeito e purpurina, já andaram se estranhando durante o ano. Hoje, são inimigos ferrenhos.
A Mercedes tem o melhor carro em boa parte das pistas. A Ferrari tenta salvar o prejuízo nessas pistas, enquanto leva certa vantagem nos circuitos mais travados e com menor média de velocidade.
O resultado é: Vettel, guiando o fino e sendo mais regular, tem a liderança do campeonato, com 202 pontos. Hamilton, se aproveitando do melhor carro na maior parte das pistas, tem 188 pontos.
Valtteri Bottas vem comendo quietinho. Ganhou duas no ano, as duas primeiras vitórias de sua carreira. Tem 169 tentos, 19 atrás de Hamilton. Não é o piloto pra ganhar o título, mas tem performance sólida e justifica permanência na equipe.
Enfim, Só um resumão básico da temporada mesmo. Vamos falar um pouco sobre ética? Vamos.
Rolou o GP da Hungria esse final de semana. Pista travada, baixa média de velocidade, similar a Mônaco nesse aspecto.
E, como era de se esperar, a Ferrari teve uma performance melhor que a da Mercedes nessa pista. Se fosse o contrário, poderíamos dar adeus ao campeonato e entregar logo a taça ao Hamilton.
Enfim. Vettel enfiou uma luneta nas Mercedes durante os três dias do final de semana, fez a pole com sobras e a Ferrari fez dobradinha no grid, com Raikkonen em segundo.
Durante a corrida, repetiu-se o domínio italiano, com Tião e Raivodka mantendo a esquadra vermelha na frente, durante a primeira metade da corrida.
Já na segunda metade, porém, Vettel começou a ter problemas de desempenho. Além de a Mercedes andar melhor com os pneus macios, o tedesco teve problemas no volante, a ponto de não conseguir sequer atacar as zebras.
Kimi, vendo a chance de ganhar pela primeira vez em quatro anos, começou a pressionar a equipe para deixá-lo ultrapassar Vettel. Nada feito. Raikkonen foi obrigado a comboiar Sebastian até o final.
Enquanto isso, as Mercedes, que vinham tendo desempenho bem superior com os macios, viram aí uma chance de chegar e ganhar. Nisso, Bottas e Hamilton foram orientados a trocar de posições, para que o inglês tentasse chegar em Raikkonen e Vettel.
Jogo de equipe? Sim. Porém, ao final da corrida, Hamilton devolveu a posição.
Bonito. Comovente.
Conveniente.
A Mercedes tem pela frente um campeonato onde a maioria das pistas lhe dão vantagem técnica e aerodinâmica. Está apostando que esses três pontos não farão diferença com essa vantagem.
Mas, é aquela dica que sempre damos a um amigo quando ele está otimista demais.
Nunca conte com o ovo no cu da galinha.
A atitude desportiva do Hamilton foi uma daquelas coisas que pegam bem nas aparências, pois é sempre bom quando alguém demonstra ter valores e virtudes universais em meio a um mundo onde quem apita alguma coisa é o dinheiro.
Não nego que foi bonito e bacana de se ver. E vai abrilhantar um eventual tetracampeonato de Hamilton no final do ano.
Porém quando você está num campeonato, disputando ponto por ponto com uma equipe como a Ferrari e enfrentando um piloto como Sebastian Vettel, cada ponto pode ser decisivo.
Talvez não fosse o momento para se pensar em ética. É uma briga declarada pelo título entre dois pilotos fantásticos de equipes diferentes onde cada movimento em falso pode significar a perda do título.
OK, OK, não podemos dizer nada definitivo agora, porque é aquela coisa: só o tempo vai dizer se Hamilton estava certo ou não.
Contudo, em vista de campeonatos que já foram decididos por MEIO PONTO, não dá pra contar com o ovo no cu da galinha.
Já sobre a estratégia da Ferrari na segunda metade do GP da Hungria, não há muito o que comentar, na verdade.
Alguns crucificaram a equipe italiana por "não permitir a vitória de Raikkonen".
Ora. Vettel é o líder do campeonato e disputa o título com um piloto fantástico de outra equipe.
Raikkonen está atrás até de Ricciardo na classificação do campeonato.
Quem deve ter a prioridade? Quem está na frente nos pontos e briga diretamente pelo título? Ou quem sequer integra o TOP-4, como deveria ser?
Era óbvio que a Ferrari manteria as posições, caso fosse possível. E foi possível. E ela o fez. Inteligente. Meticulosa. Pensando no time. De qualquer maneira, seriam 43 pontos para a equipe.
Por que não pensar no campeonato de pilotos também?
Certa está a equipe italiana.
O próprio Raikkonen já ganhou título assim. Deveria entender a situação.
No mais...Cada um que jogue com as armas que tem. Ou as que acha que deve usar.
E é só isso, mesmo.
Talvez volte aqui para comentar o final do campeonato.
Ou talvez não.
Cheiro na bunda e até segunda.
Fiquem com a imagem do dia.