Esse GP foi disputado 20 anos atrás, nessa mesma data. O ano era 1992. A temporada era um baralho de cartas marcadas para os poderes devastadores do FW14B, da Williams-Renault e de seu piloto inglês Nigel Mansell, e do italiano Riccardo Patrese. Vencedor das cinco primeiras provas, o britânico vinha com força total para a sexta prova, o Grande Prêmio de Mônaco.
Cumpriu seu exercício rotineiro, classificando-se na pole-position, com Patrese em segundo e Ayrton Senna, da McLaren, em terceiro.
Roberto Pupo Moreno foi o autor de um feito histórico : Conseguiu classificar a pífia Andrea Moda S921 Simtek-Judd. Tinha 4 voltas para se colocar no grid. Na última, obteve 1min24s945 e se classificou na vigésima sexta posição. Pode parecer modesto demais, mas se tratando de um carro horroroso como este, que geralmente ficava como bobo da corte nos primeiros treinos classificatórios, foi um milagre. Todos da equipe comemoraram o feito do brasileiro.
Na largada, Mansell patinou, mas manteve a ponta. Ayrton Senna conseguiu ultrapassar Patrese e tomar a segunda posição. Sem muitas alterações durante a prova quase toda, exceto pelo fato de que, na volta 11 Moreno, que ia avançando conforme os outros iam abandonando, estava em 19º quando o motor Judd de seu Moda faleceu e o deixou a pé. Que fase... Para não parar por aí, na volta seguinte, Michael Schumacher e Jean Alesi colidiram na curva Loews, a mais fechada da Fórmula 1. Schumacher, sem danos aparentes no carro, continuou. Mas a Ferrari do francês sofreu alguns danos e parou 16 voltas depois, na 28ª. Berger conseguiu a posição de Jean. Por 4 voltas, apenas. Na 32ª, a caixa de câmbio da McLaren do austríaco também foi para o saco.
Na volta 61, Ivan Capelli, da Ferrari, era o quinto, até bater no S da Piscina, o que causou alguns defeitos em um dos braços de suspensão de seu bólido. Na volta seguinte ele ainda bateu no guard-rail, fazendo uma das laterais ficar suspensa num ângulo de 45º. Fim de prova.
Mansell vinha absoluto, sem ninguém para ameaçá-lo, no caminho iluminado para a sexta vitória no ano, majestoso no campeonato. Infelizmente, os deuses da velocidade estavam exaustos do marasmo que estava o podium da Fórmula 1 nessas 5 primeiras provas e decidiram desconcentrar Mansell, para que raspasse no guard rail antes do túnel e perdesse um dos parafusos de uma das rodas. Ainda assim, Nigel pôde voltar aos boxes e consertar o problema. No processo, viu sua vantagem esmagadora para Ayrton Senna sumir. E ele foi ultrapassado.
Nas últimas voltas, enquanto Senna se esforçava e impunha à sua McLaren o máximo ritmo que ela poderia alcançar, Mansell vinha voando para tentar se aproximar do brasileiro, que era um insulto à sua majestade. Senna, que se esforçava para manter um ritmo da casa de 1min22, 1min23, viu Mansell chegar fazendo voltas na casa de 1min21 (!!), sendo sua volta mais veloz (a mais rápida da prova, aliás) em 1min21s598. E tentou de todas as formas a ultrapassagem.
Senna e Mansell na disputa histórica |
Mas se já era difícil ultrapassar em Mônaco, era muito mais difícil ultrapassar Ayrton Senna, um perito nas ruas do principado. Ao final, o brasileiro da McLaren-Honda conseguiu segurar o ímpeto do "Leão" e venceu a prova. Riccardo Patrese completou o podium e, nos lugares restantes para pontuar, ficaram Michael Schumacher, da Benetton, junto a seu companheiro de equipe Martin Brundle e também a boa performance da Larrousse-Lamborghini de Bertrand Gachot.
Mansell se deitou no chão, após extremo esforço durante a luta contra Senna nas voltas finais. |
Classificação final – GP de Mônaco
V=Voltas; VL=Voltas como líder